Ex-ministra de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros é excluída de lista da Palmares

por Jamile Amine, em Bahia Notícias

Depois de excluir nomes como Gilberto Gil, Elza Soares e Zeze Motta da lista de notáveis da Fundação Palmares, o presidente da instituição, Sérgio Camargo, anunciou a retirada de mais duas personalidades negras dos tributos.

Se antes a justificativa dada por Camargo era que os homenageados ainda estavam vivos, desta vez ele afirmou que o critério foi por “não atenderem ao critério de importância histórica previsto na portaria 189/2020”.

Desta vez, Camargo excluiu da lista Luiza Bairros, morta em 2016 após lutar contra um câncer. Gaúcha radicada na Bahia, ela foi Secretaria de Promoção da Igualdade Racial da Bahia (Sepromi), no governo Jaques Wagner, e posteriormente, ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial do Brasil, na gestão de Dilma Rousseff. 

“Sua trajetória contra a discriminação racial se inicia em 1979 após conhecer o Movimento Negro Unificado da Bahia. Logo iniciou sua militância no Grupo de Mulheres do MNU. Participou ativamente das principais iniciativas do movimento em todo Brasil, sendo eleita, em 1991, como primeira Coordenadora Nacional do MNU, onde permaneceu até 1994. 

Seus artigos sobre racismo, sexismo, o negro no mercado de trabalho e enfrentamento ao racismo institucional, já foram publicados em livros de coletânea e periódicos das Nações Unidas no Brasil e em revistas como Afro-Ásia, Análise & Dados, Caderno CRH, Estudos Feministas, Humanidades, e Força de Trabalho e Emprego. Atuou também como consultora do Sistema Nações Unidas no Brasil no processo da III Conferência Mundial contra o Racismo e em projetos de interesse da população afrobrasileira”, dizia texto publicado anteriormente na Fundação Palmares, sobre ela.

Camargo retirou a homenagem também a Maria Aragão, médica, professora e líder do Partido Comunista do Brasil, anteriormente reconhecida pela Palmares como “dotada de um grande senso de liderança, enfrentou as oligarquias políticas (poder político concentrado nas mãos de poucos) e por isso sofreu perseguições, agressões físicas e morais, além de ser presa diversas vezes durante a Ditadura Militar”.

“Ambas foram excluídas da lista de Personalidades Negras por não estarem em conformidade com o critério de importância da contribuição histórica. Mera militância partidária não basta. É preciso mérito e relevância”, escreveu Sérgio Camargo ao anunciar a exclusão de Luiza Bairros e Maria Aragão.

As medidas foram tomadas a partir da portaria 189/2020, assinada por Camargo, que estabelece novos critérios para as homenagens. O ato, no entanto, é contestado pelo Movimento Negro e já existe um projeto aprovado no Senado para derrubar a portaria.

Foto: Coletivo de Entidades Negras

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