Marlúcia Seixas, Fiocruz Amazônia
Em parceria com a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM), pesquisadores do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD /Fiocruz Amazônia) confirmaram o segundo caso de reinfecção no Brasil pelo Sars-CoV-2. A reinfecção se deu em Manaus, pela nova variante identificada no Amazonas, designada B.1.1.28.1 ou P.1. O caso foi confirmado pelo virologista e pesquisador Felipe Naveca.
“A confirmação do caso de reinfecção se deu ao concluirmos o sequenciamento genético das amostras, compararmos a primeira infecção e a segunda, o que mostrou se tratarem de linhagens diferentes. Esse era o último critério que estava faltando para confirmar o caso de reinfecção”, comentou Naveca.
Esse primeiro caso documentado de reinfecção pela nova linhagem P.1 emergente se deu em uma mulher de 29 anos de idade do Amazonas. A primeira infecção pelo Sars-CoV-2 nessa paciente ocorreu em março, e a segunda em dezembro. Ambos os resultados positivos para Sars-CoV-2 foram feitos por exame de RT-PCR.
Desde o surgimento da Covid-19, alguns casos de reinfecção com variantes filogeneticamente distintas de Sars-CoV-2 foram relatados. O pesquisador revela que os casos de reinfecção tanto podem ser a consequência de uma imunidade protetora limitada e transitória induzida pela primeira infecção, quanto podem refletir a capacidade do vírus da reinfecção evadir a resposta imunológica anterior.
A nova variante Sars-CoV-2 tem origem na linhagem B.1.1.28, que circula no Amazonas. A nova cepa também foi detectada em viajantes japoneses que tinham passado pelo Amazonas, um estado severamente atingido pela Covid-19 na primeira onda epidêmica, ocorrida entre março e julho do ano passado, e que atualmente enfrenta um aumento vertiginoso de mortes.
Felipe Naveca alerta que outras variantes do Sars-CoV-2 circulam no Brasil e outras devem surgir ao longo do tempo, daí a necessidade constante de vigilância de cepas do novo coronavírus para apoiar a saúde no enfrentamento da Covid-19.
“Ainda não podemos afirmar qual o papel dessa variante na explosão de casos recentes em Manaus, precisamos sequenciar muitas outras amostras para ver a frequência dela atualmente, mas eu acredito sim que ela seja um dos fatores”, comenta.
O pesquisador lembra ainda que outros fatores podem ter contribuído para o aumento de casos de Covid-19 no Amazonas: o período de chuvas na região, que favorece o crescimento de infecções por vírus respiratórios, mas principalmente a baixa adesão da população às recomendações de uso de máscaras, manutenção de distanciamento social e lavagem frequente das mãos.
Os estudos no campo da virologia realizados pela Fiocruz Amazônia recebem apoio da Fiocruz, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). A FVS-AM e o Laboratório Central de Saúde Pública do Amazonas (Lacen-AM) são parceiros em todas as pesquisas de viroses emergentes.
Leia aqui o artigo sobre a nova variante.
Acesse o artigo sobre o caso de reinfecção.
—
Arte: Ascom/PRR5