Alvo da maior apreensão de madeira proveniente da Amazônia no estado de São Paulo, a Indusparquet foi “perdoada” pelo governo Bolsonaro, que suspendeu multas ambientais que somavam quase R$ 1 milhão. Para “caprichar”, o governo liberou também o estoque de madeira apreendido, que pôde ser vendido sem restrições para clientes nos EUA e na Europa. A história foi revelada pela ONG britânica Earthsight, que destacou também a reação de servidores e agentes do Ibama, que classificaram a decisão como “vergonhosa”. O Estadão repercutiu a informação com exclusividade.
Em 2018, o Ibama e a Polícia Federal apreenderam cerca de 1,6 mil metros cúbicos de madeira originária da Amazônia, de propriedade da empresa, sem documentos que comprovassem a legalidade da extração. Na época, a mercadoria foi avaliada em R$ 10 milhões. No entanto, um ano depois, já sob a gestão Bolsonaro/Salles, o superintendente do Ibama em SP, o ex-policial militar Davi de Sousa Silva, cancelou a multa e devolveu a madeira à empresa. Poucos meses antes, o órgão já tinha suspendido outro caso relacionado à Indusparquet, no qual a empresa foi acusada de ter mais de 10,7 mil m3 em créditos de madeira no sistema de controle eletrônico do Ibama sem a existência do produto em seu estoque físico, o que é ilegal.
Em tempo: O Incra publicou nesta 3ª feira (2/2) uma Instrução normativa que regulariza o uso de sensoriamento remoto na análise de processos de regularização fundiária, com o objetivo de “desburocratizá-lo”. O governo Bolsonaro tem insistido na flexibilização da regularização fundiária como “solução” para o problema do desmatamento na Amazônia. No ano passado, o Planalto tentou empurrar a proposta no Congresso via medida provisória, que depois virou projeto de lei, mas sem avanços por conta da oposição de ambientalistas e da indisposição política do então presidente da Câmara, Rodrigo Maia. A Agência Brasil deu mais detalhes.