Lélia Gonzalez: família lança acervo digital da obra e da trajetória da pensadora

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Batizado como “Lélia Gonzalez Vive” um acervo digital da obra e da trajetória da pensadora mineira foi lançado com o objetivo de manter vivo e de popularizar o legado da ativista, antropóloga, professora, filósofa e uma das pioneiras a tratar sobre feminismo negro no Brasil a partir de uma perspectiva afro-latina-americana.

Em cada plataforma, serão publicadas entrevistas, palestras, aulas da historiadora e até indicações de obras produzidas por Lélia durante a vida. 

A iniciativa também tem o intuito de reunir trabalhos sobre a educadora, assim como depoimentos de familiares, de pesquisadores e de outras personalidades que se inspiraram na luta antirracista de Lélia dentro e fora da área acadêmica.

Além de Angela Davis — quem chamou a atenção do público brasileiro ao perceber a falta de reconhecimento da obra de Lélia Gonzalez no país —, a lista de intelectuais impactadas pela obra da ativista mineira inclui personalidades como as filósofas Sueli Carneiro e Djamila Ribeiro e a escritora Joice Berth.

Com foco em canais digitais, o projeto busca atingir um público mais diversificado para levar as reflexões da pensadora para além do ambiente acadêmico, onde atualmente é mais popular.

Assim, é possível acompanhar as novidades do acervo do “Lélia Gonzalez Vive” no site da ONG Nossa Causa e nas redes sociais da instituição (@nossacausa no Instagram e no Twitter e /nossacausa no Facebook).

O pensamento de Lélia Gonzalez

Ao reunir ideias das mais diversas áreas de conhecimento — desde a psicanálise até o candomblé — Lélia traça um caminho fundamental para entender o Brasil contemporâneo.

Por meio de reflexões sobre questões raciais e de gênero, a antropóloga mostra possibilidades fundamentais de como contribuir para a promoção de uma sociedade mais democrática para todos.

Ao longo de suas décadas de atuação profissional, Lélia também estudou Antropologia, Sociologia e Psicanálise e foi a primeira intelectual a sair do Brasil para debater a condição da mulher negra brasileira.

Durante a atuação internacional, a historiadora se destacou como vice-presidenta do 1º e do 2º Seminários da ONU sobre a “Mulher e o apartheid”, ambos em 1980.

Em um contexto de visibilidade do feminismo branco e europeu nos debates acadêmicos e dentro da militância, a antropóloga se tornou pioneira ao propor um feminismo que contemple também as dimensões raciais e que seja precursor de um pensamento decolonial.

Principal pensadora brasileira dentro do que hoje se chama interseccionalidade nos debates sobre raça e gênero, Lélia foi também uma das fundadoras do Movimento Negro Unificado (MNU) e do Instituto de Pesquisas das Culturas Negras (IPCN).

Tudo isso além de ser integrante do primeiro Conselho Nacional dos Direitos da Mulher e de participar dos debates para elaboração da Constituição de 1988.

Mais informações sobre a vida, carreira e pensamentos de Lélia Gonzalez, você encontra no perfil oficial da antropóloga no Instagram (@leliagonzalezoficial).

O trabalho de Lélia é muitas vezes considerado como o ‘norte’ do estudo da interseccionalidade entre raça e gênero no Brasil (Reprodução/Cezar Loureiro para ‘Revista Cult’)

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