Além de Bolsonaro, Biden inclui líder indígena em agenda da Cúpula do Clima. Por Jamil Chade

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O governo americano de Joe Biden não irá apenas ouvir Jair Bolsonaro, em sua cúpula que começa amanhã e que marcará uma nova etapa do debate sobre mudanças climáticas. Na programação divulgada pela Casa Branca, o encontro também contará com uma liderança indígena brasileira.

Horas depois de Bolsonaro tomar a palavra para dizer qual tem sido sua política ambiental e anunciar eventuais compromissos, será a vez da fala de Sinéia do Vale, da etnia Wapichana da Terra Indígena Raposa Serra do Sol e representando o Conselho Indígena de Roraima.

Seu debate ocorrerá num painel que será moderado pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA e que contará ainda com a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, governador de Tóquio, governador do estado de Novo México e do presidente do Congresso Nacional do indígenas americanos.

“Essa sessão irá destacar os esforços críticos de atores não-estatais e sub-nacionais que estão contribuindo para uma recuperação verde e trabalhando de forma estreita com governos nacionais para fazer avançar a ambição climática e resiliência”, explicou a Casa Branca.

Nos últimos dias, cartas têm proliferado ao governo de Biden alertando sobre os riscos de se negociar com Jair Bolsonaro e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

Um dos temores é de que a Casa Branca acabe aceitando um eventual compromisso assumido por Brasília, sem garantias de como tais metas serão atingidas.

O próprio presidente Bolsonaro escreveu para Biden para reforçar sua intenção de se comprometer com metas ambiciosas, ainda que tenha insistindo que tal gesto precisará ocorrer de forma paralela a uma ajuda financeira significativa por parte dos países ricos.

Numa entrevista que a líder indígena concedeu em 2020 à revista eletrônica A Coletiva, Sinéia afirmou que “o Ministério do Meio Ambiente está totalmente parado, o comitê gestor e câmara técnica não estão mais funcionando”.

“Temos que pensar que esta questão do clima é uma emergência e temos que atuar, mesmo que o governo pare, é uma necessidade das comunidades indígenas e de nossas organizações, no Brasil e em outros lugares do mundo”, disse.

“Nosso enfrentamento às mudanças climáticas não para quando os governos param, quando as câmaras técnicas deixam de funcionar, continuamos a fazer nosso trabalho”, afirmou.

“O enfrentamento não pode parar pois o aquecimento está se agravando, e agrava junto com estas pandemias como a do coronavírus, esta que estamos vivendo, ou com o aumento dos desmatamentos na Amazônia e em outros lugares. Nossa resistência indígena é maior que as políticas que vão e vêm”, completou.

Na programação da cúpula também estão nomes como o do Papa Francisco, Bill Gates, Xi Jinping e Vladimir Putin, além de representantes do movimento de jovens.

Imagem: Laerte

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