O jornal Le Monde publicou nesta 5ª feira (6/5) um artigo assinado pelo ex-ministro francês de ecologia, Nicolas Hulot, e por outras duas lideranças políticas da França e da Bélgica, no qual eles pedem à União Europeia que abandone o acordo comercial assinado com o Mercosul. O texto argumenta que a situação da Amazônia é dramática e que o tratado poderá trazer ainda mais problemas para a floresta, principalmente enquanto o atual governo estiver no poder no Brasil. “Não se assina um acordo com um país cujo dirigente despreza os Direitos Humanos e nega seus compromissos ambientais”, argumentam, sem citar o nome de Jair Bolsonaro.
O artigo cita um estudo recente que mostrou que a Amazônia liberou mais carbono do que absorveu nos últimos dez anos, em decorrência do avanço do desmatamento e da degradação florestal no período. O texto também destaca uma análise feita pelo economista Stefan Ambec, a pedido do governo da França, que concluiu que o tratado Mercosul-UE poderia acelerar o desmatamento da Amazônia em ao menos 25% por ano nos primeiros seis anos de implementação. A RFI deu mais detalhes.
A publicação do artigo aconteceu um dia após um grupo de varejistas do Reino Unido e de outros países europeus divulgar um manifesto cobrando do Congresso Nacional brasileiro que não aprove projetos de lei que prejudiquem a proteção do meio ambiente. No Valor, Daniel Rittner citou o embaixador britânico no Brasil, Peter Wilson, que destacou a disposição de Londres em trabalhar com o governo federal para “evitar problemas” para o comércio entre os dois países. Sobre essa movimentação, Álvaro Alves de Faria opinou para a Jovem Pan que ela reflete uma intensificação da desconfiança internacional com o Brasil, que ganha força mesmo após as promessas feitas por Bolsonaro na Cúpula Climática, no mês passado. “Pode ser uma bola de neve para complicar ainda mais o isolamento brasileiro no cenário internacional. O Brasil tornou-se um país desacreditado no mundo e nada fez para reverter esse quadro. Pelo contrário: faz de tudo para complicá-lo mais”.