Ramonet: Cuba enfrenta agenda de desestabilização que já estava desenhada

“Não há dúvida de que é algo premeditado, e toda a artilharia das redes sociais foi lançada a partir de uma pequena dose de realidade para lançar um roteiro absolutamente apocalíptico, que nada tem a ver com a verdade”, disse

Por Waldo Mendiluza, da Prensa Latina, em Opera Mundi

O professor e jornalista franco-espanhol Ignacio Ramonet afirmou nesta quarta-feira (14/07) que Cuba enfrenta uma agenda de desestabilização previamente desenhada para, a partir de pequenas doses de realidade, desencadear uma campanha virulenta nas redes sociais.

Segundo ele, é um roteiro bem elaborado que já foi posto em prática e está pronto para sua aplicação segundo a ocasião, comentou o escritor em entrevista à Prensa Latina, citando como exemplo a chamada Primavera Árabe de uma década atrás.

De acordo com Ramonet, no caso da ilha, o roteiro foi ativado aproveitando uma conjunção de circunstâncias que geraram muitas dificuldades à população cubana, em particular as mais de 240 medidas aplicadas pelo governo de Donald Trump (2017-2021) para intensificar o bloqueio norte-americano e o impacto da pandemia causada pela covid-19.

Neste complexo cenário econômico e de saúde, é normal que pessoas em qualquer lugar expressem desconforto, mas esse incômodo não pode ser utilizado para lançar campanhas com violência e virulência excepcionais, disse Ramonet em relação aos protestos recentes realizados por um setor minoritário da população em regiões de Cuba.

O intelectual insistiu que tudo estava preparado para ativar a operação e, assim que ocorreram os fatos, no último domingo (11/07), ela foi colocada em prática. “Não há dúvida de que é algo premeditado, e toda a artilharia das redes sociais foi lançada a partir de uma pequena dose de realidade para lançar um roteiro absolutamente apocalíptico, que nada tem a ver com a verdade”, frisou.

Ramonet disse à Prensa Latina que, como observador, exalta a disposição do governo cubano de dialogar com o povo, postura que considerou muito diferente da manifestada em outros países por dirigentes que têm enfrentado massivas manifestações de descontentamento popular.

“Fiquei muito feliz em saber que o presidente Miguel Díaz-Canel saiu para discutir e conversar com as pessoas da cidade de San Antonio de los Baños, onde começaram os protestos, porque isso não é visto em nenhum outro país, especialmente na América Latina”, afirmou.

O professor insistiu que toda análise de Cuba deve assumir a realidade absoluta e excepcionalmente difícil que lhe é imposta pelo bloqueio econômico, comercial e financeiro dos Estados Unidos.

“Em qualquer outra parte do mundo, a situação seria muito mais difícil hoje em um contexto semelhante”, disse.

Segundo ele, “uma série de desalmados por dentro e por fora aproveitam as circunstâncias criadas pelo inimigo há mais de 60 anos para se atirar no pescoço de um país tão exemplar”.

A esse respeito, lembrou a solidariedade demonstrada pela ilha caribenha em tempos de pandemia com sua ajuda a dezenas de nações e no desenvolvimento de suas próprias vacinas contra a covid-19, apesar do bloqueio, e a disposição de compartilhá-las.

Imagem: Centenas de cubanos também se manifestaram neste domingo a favor do governo, tanto em Havana como em algumas províncias – EPA

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