Ellen Oléria narra vídeo-manifesto para celebração do Centenário da Semana de Arte Moderna de 1922


Gravado no Theatro Municipal, vídeo reforça valorização periférica na programação da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo

São Paulo, julho de 2021 — O vídeo-manifesto de lançamento do projeto Modernismo 22+100, o Centenário da Semana de Arte Moderna de 1922 organizado pela Prefeitura de São Paulo, reforça a valorização da cultura periférica no eixo central das reflexões e celebrações. Gravado no Theatro Municipal, o vídeo produzido pela produtora paulistana Lady Bird retrata uma performance protagonizada pelos artistas Hebert Gonçalves e Moara Sacchi. Além dos protagonistas negros, o vídeo é narrado pela premiada cantora Ellen Oléria.

“Dizer que sou negra é dizer que faço parte de uma linhagem que sobreviveu e sobrevive a um dos maiores genocídios da história da humanidade. Ser mulher e negra é o que sou e saber que chego aqui ao lado de tantas outras que partilham esses pertencimentos e identidades me impulsiona.Veremos juntas o mundo se refazer de sua história sangrenta e expandir em abundância, atuamos em diversas frentes para fazer isso acontecer. O futuro é agora!”, comenta a cantora Ellen Oléria sobre um dos motes do vídeo que exalta “a periferia no centro e o centro na periferia”.

Inspirado nas obras “O Sacudimento da Maison des Esclaves em Gorée” e “O Sacudimento da Casa da Torre” de 2015 de Ayrson Heráclito, a produção tem o intuito de representar a renovação dos conceitos modernistas para esta celebração. O diretor de cena, Henrique Sauer, conta que a inspiração nas obras de Héraclito resultou da busca pela ideia de purificação e renovação do espaço do Theatro Municipal para seguir seu rumo na História e inspirar um novo futuro.

O texto do vídeo consiste no Manifesto Modernismo 22+100, que explica os conceitos envolvidos no contexto do Centenário.“O 22 de agora abraça o Brasil inteiro”, diz um trecho, apontando para valores com menos preconceito e ignorância, e “muito mais diversidade”. A produção também anuncia outras iniciativas do projeto, como os Centros de Referência do Novo Modernismo, os Bailes Futuristas, o Banquete Antropofágico, a Marcha das Utopias e os Cortejos Modernistas. O texto da locução é de autoria de Hugo Possolo, diretor geral da Fundação Theatro Municipal, com participação do secretário de Cultura da cidade de São Paulo, Alê Youssef.

“O Manifesto 22 + 100 é uma obra potente e extremamente relevante”, afirma um dos diretores do vídeo, Helder Fruteira. “O DNA da concepção do projeto foi plural, acreditamos nisso enquanto produtora. Nosso filme narra sobre a purificação de espaços, ideias e conceitos. A performance dos nossos atores e bailarinos se movimenta junto com a ideia de explorar o novo”.

Produzida pelo produtor musical e baixista da banda OQuadro, Ricô Santana, a trilha traz elementos sonoros marcantes relacionados à tecnologia ancestral e com a força inventiva do funk. “São sons que se misturam a timbres, e que comunicam com nosso imaginário”, complementa o diretor.

A direção artística para a performance dos artistas foi concebida para representar a ocupação de espaços pela arte, sua força de movimento, ainda que num contexto pandêmico, como Helder complementa: “Desde o início, tínhamos em mente um filme rico em movimentos e a escolha do elenco, Hebert Gonçalves e Moara Sacchi, veio da ideia de termos performance, atuação, identidade, conexão natural e intuitiva com a proposta criativa do roteiro. Ali manifestamos a nossa mais honesta crença no poder da arte, principalmente em tempos difíceis.”

Confira o vídeo completo: 

https://youtu.be/rxyWMZRM1Is

Modernismo 22+100

O Modernismo 22+100 é o projeto da Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, para as reflexões e celebrações do Centenário da Semana de Arte Moderna de 1922.

Entre as diversas iniciativas do projeto estão o Ciclo Modernismo 22+100, um projeto de curadoria aberta com 100 personalidades da Cultura discutindo e propondo reflexões sobre o Centenário, a Comissão de Instituições Culturais, que vai elaborar um calendário público-privado sobre a data e uma programação cultural especial.

***

Manifesto Modernismo 22+100

Hugo Possolo (diretor geral da Fundação Theatro Municipal), com participação do secretário de Cultura da cidade de São Paulo, Alê Youssef

A sociedade se mobiliza.
A Cultura enfrenta a encruzilhada!
A arte abre caminhos!
modernismo 22+100

O 22 que aconteceu
na Pauliceia tinha
eu + lirismo = poesia

O 22 de agora
abraça o Brasil inteiro no
eu + os meus = nós,
que é = a noiz.

E noiz + lirismos é = a nova poesia.
É a prova dos nove da volta da alegria!

O 22 que aconteceu tinha
+ pasárgadas onde ir e invenções de abaporus
e + imperfeição = a obras perfeitas
e + os crimes de sermos divergentes.

O 22 de agora é
a periferia no centro
e o centro na periferia.

O 22 de agora é
a cultura presente.
É cultura como prioridade.
É a cultura no centro
do desenvolvimento econômico e social.

O 22 de agora
afirma e reafirma a Cultura
como a saída justa e próspera,
sustentável e democrática
para a crise pós pandemia!

O 22 de antes abriu
caminhos para:
carnaval dos 30
antropofagia dos 30
geração de 45
tropicália dos 60
cinema novo dos 60
o maio 68
poesia marginal dos 70
diretas já nos 80
arte contra barbárie nos 90
resistência cultural nos 2000
ocupação cultural nos 2000
2000 graus de chapa quente da arte em todo lugar,
porque arte é ocupar.

O 22 de agora é
+ que conceito:
é menos preconceito,
menos elogios à ignorância,
menos brutalidade,

menos arrogância e
muito muito muito + diversidade!

O 22 de agora é
pelo fim dos apagamentos e de
mulheres e + pretos e + mulheres pretas e
temas lgbtqia+ e +++

O 22 de agora é
resistência e + existência
amor e menos rancor.

No 22 de antes
os 100 anos da independência era pretexto.
No 22 de agora
os 200 anos da independência é o contexto.
É da luta da civilização contra a barbárie.

O 22 de agora
é menos bandeirante e + modernista.
O 22 de agora é + que uma celebração.

É a retomada cultural!
É a festa pós pandemia!
É o palco do futuro!
É + nação!
É o sentido cultural de nação.

O 22 de agora é
a cultura = expressão.
A expressão = pensamento.
É o pensamento em ação!

Vem aí: os Centros de Referência do Novo Modernismo!
Vem aí: os Bailes Futuristas!
Vem aí: o Banquete Antropofágico!
Vem aí: a Marcha das Utopias!
Vem aí, os Grandes Cortejos Modernistas!
Vem aí! modernismo 22 + 100

Sobre LadyBird

Produtora audiovisual que prioriza a criatividade sob múltiplas perspectivas. A produtora paulistana se define como um espaço de conexão entre diferentes backgrounds interessados nas transformações do mundo, para a transformação da identidade em narrativa audiovisual.

Sobre Ellen Oléria

Ellen Oléria é uma cantora e compositora brasileira. Nascida e criada em Brasília, foi lá que se formou em Artes Cênicas na Universidade de Brasília. Com mais de 16 anos na estrada da música, a artista acumula prêmios em festivais, 5 discos lançados e turnês realizadas pelo Brasil e mundo afora. Conhecida pelo público por seu timbre cintilante, a nação e repertório brasileiríssimo, a soprano dramática Ellen Oléria condensa em sua performance o que o povo brasileiro reconhece como seu: entusiasmo e um sorriso que nunca sai do rosto iluminando cada canção que canta. A versatilidade de Ellen estende-se também ao seu ativismo político que podemos acompanhar no programa Estação Plural, exibido semanalmente pela TV Brasil em que a artista é apresentadora. Indicada como melhor cantora (canção popular) pelo Prêmio da Música Brasileira por seu mais recente disco e com este trabalho a artista tem se apresentado pelo Brasil.

Hebert Oliveira e Moara Sacchi: Modernismo 22+100. Foto: LadyBird /Secretaria Municipal de Cultura

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