Projeto interdisciplinar “A causa indígena é de todos nós”, realizado pelo Colégio Santo Agostinho, em Belo Horizonte (MG), está na sua quarta edição
Durante todo o mês de abril, estudantes do 6º ano do Ensino Fundamental do Colégio Santo Agostinho, em Belo Horizonte (MG), tiveram a oportunidade de aprofundar o aprendizado sobre a história dos povos originários no Brasil com o projeto “A causa indígena é de todos nós”. De acordo com a instituição de ensino, a ação já está em sua quarta edição, mas as campanhas voltadas à causa indígena são realizadas há quase duas décadas junto aos estudantes. “Os povos indígenas nos inspiram a rever o sentido das histórias e das práticas sociais, políticas e econômicas dominantes em nossa sociedade, por isso, escolhemos o mês de abril para rechear o nosso caminho de cultura, informações e aprendizado”, explicou a professora de Arte Ana Célia Magalhães.
A programação para a edição de 2021 focou na valorização dos conhecimentos tradicionais e na busca pelo despertar do compromisso com a causa indígena, por meio de atividades práticas e teóricas, cirandas de integração com a presença de representantes de povos indígenas e do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
Para refletir sobre a atual conjuntura dos povos indígenas, os organizadores do projeto promoveram também um bate-papo on-line, ao vivo, com o padre Paulo Suess, que destacou o compromisso do Conselho Indigenista Missionário de “testemunhar e anunciar profeticamente a Boa-Nova do Reino, a serviço dos projetos de vida dos povos indígenas, denunciando as estruturas de dominação, violência e injustiça, praticando o diálogo intercultural, inter-religioso e ecumênico”.
Ele lembrou ainda que o Papa Francisco, na encíclica Fratelli Tutti, afirma que “o processo de paz é um empenho que se prolonga no tempo” e que o Cimi levou em consideração a mensagem de Francisco ao escolher o tema da Semana dos Povos Indígenas 2021: “Povos Originários lutando pela Paz, Justiça e Bem Viver”.
Padre Paulo Suess chamou a atenção também para a dura realidade dos povos indígenas no Brasil, como o elevado índice de suicídio, a árdua luta pela demarcação de suas terras e pela defesa de sua identidade e de sua cultura. “Apesar de todas as violências e violações, a luta desses povos, como salienta Francisco, não é por vingança: é por justiça, é por direitos, é por paz e pelo que chamam de Bem Viver. Além da necessidade urgente de corrigir as injustiças cometidas contra eles e de garantir a efetivação de seus direitos, acreditamos que nós, como sociedade, temos muito a aprender com a diversidade e a riqueza de conhecimentos dos povos originários do Brasil”, frisou.
Para ele, o Bem Viver se estende às relações: relação entre os seres humanos (autonomia e igualdade); relação entre os seres humanos e a natureza; relação entre os seres humanos e os rituais de boas-vindas; e relação entre os humanos de hoje e os ancestrais (entre o que somos hoje e o que ontem fomos).
Reflexão interdisciplinar
O projeto, realizado em meio on-line desde o ano passado (2020) por conta da pandemia, conseguiu manter o seu formato original interdisciplinar, envolvendo as disciplinas de Arte, História, Geografia, Produção de Textos, Matemática e Educação Física.
No vídeo abaixo, a aluna Tayla Carvalho comenta sobre a aula “As linhas que formam a pintura corporal indígena”, que, segundo ela, “foi sensacional, com expressividade artística, geometria e um tema maravilhoso”.
A disciplina de História, por exemplo, refletiu com as turmas sobre os modos de viver dos primeiros habitantes do território brasileiro e os impactos de seu contato com os europeus. Já em Produção de Textos, os estudantes foram convidados a escrever uma carta pessoal, endereçada ao Cimi ou aos representantes dos povos indígenas, expressando sua visão sobre a importância do estudo realizado e posicionando-se sobre o papel solidário de cada indivíduo nos espaços onde pode atuar. Nas aulas de Matemática, foi aprimorado o conceito de linha e foram exploradas as suas possibilidades de registros enquanto auxílio na construção do grafismo, muito presente na cultura indígena. Em Geografia, foi realizada uma atividade prática de cartografia, a fim de identificar a localização atual dos povos indígenas e comparar as alterações que ocorreram nessa territorialidade ao longo dos anos.
No vídeo abaixo, o aluno Miguel Henrique Gandra fala sobre a importância do projeto e destaca os principais pontos de aprendizado após o mês de imersão à cultura indígena.
Solidariedade e compromisso social
De acordo com a instituição de ensino, “A causa indígena é de todos nós” é um dos projetos interdisciplinares do Programa Entrelaçar, desenvolvido nas diferentes séries e segmentos do Colégio e junto à comunidade agostiniana, com o objetivo oferecer aos educandos a possibilidade de experienciar valores essenciais para sua formação, tais como a solidariedade e o compromisso social, além de proporcionar a eles situações de reflexão e de qualificação do projeto de vida de cada um.
“Na conclusão de cada um dos projetos do Entrelaçar, é proposto um gesto concreto por meio de uma campanha solidária. Neste ano, os colaboradores do Colégio foram convidados a participarem da campanha solidária em prol dos povos indígenas acolhidos pelo CIMI, adquirindo uma linda camiseta exclusiva do projeto”, explicou Ana Celia Magalhães, Professora de Arte, que junto ao Cimi viabilizou a campanha da venda das camisas aos colaboradores.
O coordenador do Regional Leste, Haroldo Heleno, deixou uma mensagem para os jovens a respeito da atuação do Cimi e falou ainda sobre a importância do projeto. “Nós, enquanto Cimi, há quase 50 anos, sempre tivemos como princípio ser a presença solidária da igreja junto a estes povos, por isso, é com imensa alegria que participamos deste projeto em conjunto com os próprios atores desta causa, os povos indígenas”, destacou.
Confira, no vídeo abaixo, um trechinho do depoimento de Hamangai, indígena Pataxó HãHãHãe:
Confira mais vídeos dos alunos sobre as abordagens do mês de abril para o projeto “A causa indígena é de todos nós”.
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A edição do projeto em 2021 abordou o tema: “A causa indígena é de todos nós”, focada na valorização dos conhecimentos tradicionais e na busca pelo despertar do compromisso com a causa indígena