Mesa de abertura dia 27, às 17 horas, com Achille Mbembe (Universidade de Witwatersrand, África do Sul) e Margarida Mendes (Goldsmiths, University of London). Mediação de Fernanda Bruno (UFRJ)
“Habitar as falhas: essa é a provocação e o convite lançados nesse encontro. Explorar o domínio da falha como lócus privilegiado para o entendimento do nosso tempo, assim como para sua urgente reimaginação e reconstrução num momento histórico que acumula uma sobreposição de panes: a falha da promessa tecnológica e o crescente poder extrativo das plataformas digitais; a falha da democracia e a ascensão dos neototalitarismos; a falha ambiental e o novo regime climático; a falha epistemológica e o colapso dos regimes modernos de verdade; a falha econômica e as ruínas do neoliberalismo. E, por fim, a “falha das falhas” materializada na pandemia de COVID-19.
A irrupção de falhas, panes e erros revelam uma série de agentes, controvérsias e disputas que se mantêm silenciadas e opacas em situações de “normalidade”. As falhas podem ser ainda uma ocasião para contestações e renegociações de processos que, em situação de estabilidade, pareceriam inevitáveis.
De que modo todas essas falhas nos interpelam? Sabemos que não adianta chamar os técnicos e experts para consertar. Não vai passar. Não passarão!
Apesar do iminente esgotamento da terra, do avanço da lógica extrativista sobre os diversos domínios da vida e do sufocamento das políticas do comum, resiste entre nós uma inquietação criativa. No Sul Global, onde o bom funcionamento dos aparatos técnicos e os projetos igualitários de convivência sempre foram exceção e não regra, sobreviveram imaginários e práticas capazes de criar brechas nas ruínas. São frutos não apenas da precariedade, mas uma insistente inventividade.
Habitar a falha é situar-se na pausa que ela impõe, nos desarranjos que ela instaura e — sem ignorar suas ambiguidades e armadilhas — tomá-la como ocasião para novas composições e negociações. Habitar a falha é “permanecer com o problema” (Haraway) e “ocupar as ruínas”, no sentido que Anna Tsing propõe: “dedicar-se ao trabalho de viver juntos, mesmo onde as probabilidades estejam contra nós”.
Tarefa coletiva e mais que humana.”
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Programação
SEG, 27/09
17h_19h – Mesa de abertura
Achille Mbembe (Universidade de Witwatersrand, África do Sul)
Margarida Mendes (Goldsmiths, University of London)
_Rumo a uma Ecologia Sônica Decolonial
Mediação:
Fernanda Bruno (UFRJ)
>Assista em português
>Assista em espanhol
>Assista com áudio original
QUA, 29/09
17h_19h – Mesa 1 #Fail Neoliberal
Alana Moraes (Museu Nacional, UFRJ)
_Nas ruínas do progressismo: bloqueio, desaceleração e reconfiguração das zonas de conflitualidade no Brasil contemporâneo
Paulo Galo (Entregadores ANTIFA)
Rodrigo Nunes (PUC-Rio)
_Remédios que Matam: Neoliberalismo como Doença Autoimune
Veronica Gago (UBA, Argentina)
_Apuntes sobre crisis neoliberal y salvatajes financieros
Mediação:
Leticia Cesarino (UFSC)
>Assista em português (áudio original)
>Assista em espanhol
QUI, 30/09
17h_19h – Mesa 2 #Fail Tecnológico
Erick Felinto (UERJ)
_Pesadelos Digitais: Arqueologia do Imaginário das Redes e a Tragédia do Presente
Giselle Beiguelman (USP)
_Desprogramar é preciso (Inteligência Artificial e eugenia maquínica)
José Messias (UFMA)
_Gambiarra como precariedade emergente: conhecimento e técnica nas ruínas do projeto colonial/moderno
Paola Ricaurte (Inst. Tecnologico Monterrey, México)
_Máquinas que fallan: habitar las fallas de origen
Mediação:
Fernanda Bruno (UFRJ)
>Assista em português (áudio original)
>Assista em espanhol
SEX, 01/10
10h30_12h30 – Mesa 3 #Fail Climático
Alyne Costa (UFRJ, Puc-Rio)
_Interdependência ou dupla morte! Modos terrestres de sobrevivência no Antropoceno
Francineia Fontes Baniwa (Walipere-dakeenai, Museu Nacional/UFRJ)
_Mudanças climáticas: A floresta é minha casa e meu mundo, a partir de um olhar Baniwa
Luiz Alberto Oliveira (CBPF)
_Geopolítica em Tempos Deslineares
Mediação:
Cinthia Mendonça (Silo Arte e Latitude Rural)
>Assista em português (áudio original)
>Assista em espanhol
17h_19h – Mesa 4 #ATAFONA: estéticas da erosão
Fernanda Bruno (UFRJ)
Julia Naidin e Fernando Codeço (CasaDuna, UENF, Atafona)
Luiza Marcier (UFRJ)
_Meet me in Atafona
Mediação:
Fernanda Bruno e Luiza Marcier (UFRJ)
>Assista em português (áudio original)
>Assista em espanhol
O evento acontecerá integralmente online e será transmitido no canal Youtube do MediaLab UFRJ.
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O #FAIL terá transmissão aberta e ao vivo pelo canal do Youtube do MediaLab UFRJ.
No entanto, as inscrições garantem a emissão de certificado de participação e serão realizadas pela plataforma Sympla:
Quem se inscrever no evento também terá acesso à prévia do novo livro de Achille Mbembe, “Brutalismo“, que será lançado no dia 10 de outubro pela editora n-1.
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