O governo brasileiro cedeu às pressões internacionais e aderiu a duas declarações na COP26 com compromissos para redução das emissões de metano em 30% nesta década, além do fim do desmatamento até 2030. Os negociadores do país vinham refutando essa possibilidade, desconfiados de eventuais efeitos dessas promessas na base política e econômica do governo Bolsonaro entre setores do agronegócio. No entanto, as cobranças de governos e investidores no exterior superaram as reticências da delegação brasileira em Glasgow.
A primeira declaração, que prevê a redução das emissões de metano, vem sendo articulada há pouco mais de um mês por Estados Unidos e União Europeia. O documento foi referendado por mais de 100 países na COP, mas três dos principais emissores de metano do mundo ficaram de fora – China, Rússia e Índia. No entanto, a declaração é protocolar: os países se comprometeram com a meta de redução de 30% das emissões de metano nesta década, mas o texto não trouxe qualquer planejamento ou objetivos nacionais para viabilizá-la. Estadão, Folha, g1, O Globo e Valor deram mais detalhes.
Já a segunda declaração, que propõe o fim do desmatamento até 2030, será apoiada pela criação de um fundo de US$ 12 bilhões de verbas públicas, além de outros US$ 7 bi em investimento privado, para conter a devastação em florestas mundo afora. Os recursos serão destinados para ações de proteção ambiental nos países em desenvolvimento, como a restauração de terras degradadas, a prevenção e o combate a incêndios florestais e a defesa dos direitos dos Povos Indígenas. BBC Brasil, Estadão, Folha e Valor repercutiram.
Em tempo: A mão que bate é a mesma que acolhe. Na BBC Brasil, Matheus Magenta destacou a reação do governo dos EUA à ausência de Bolsonaro na COP26 e aos “novos” planos climáticos do país. Para a Casa Branca, mais importante do que o cano presidencial em Glasgow serão as metas e ações anunciadas pelos representantes brasileiros. Já n’O Globo, Guga Chacra citou o elogio do enviado especial dos EUA para o clima, John Kerry, à revisão das metas climáticas brasileiras, anunciada na COP. Para ele, a visão de Kerry e do chefe dele, Joe Biden, sobre o governo Bolsonaro é pragmática: qualquer avanço na questão ambiental no Brasil, por menor que seja, deve ser valorizado. Resta saber até onde vai a boa vontade dos EUA com Bolsonaro.
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Região desmatada no estado brasileiro do Amazonas