Fragilidade técnica, insatisfação e interferência do governo estão entre os motivos para os pedidos de exoneração
Igor Carvalho, Brasil de Fato
Nas últimas 24 horas, 500 delegados e chefes de divisão da Receita Federal entregaram seus cargos, após o anúncio de cortes no Ministério da Economia, que deve impactar no pagamento do bônus salarial da categoria, que está há cinco anos sem aumento.
Essa demissão em massa pode impactar, por exemplo, a autorização para transporte de cargas em aeroportos, causando uma fila imensa e atraso em entregas. A entrega do cargo de chefia não resulta em abandono da vaga do servidor, apenas que ele está abdicando do posto que ocupa, no comando de equipes ou operações.
A debandada não é uma novidade no governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), especialmente em 2021. Acusado de interferir nos órgãos públicos, o mandatário assistiu, pelos menos, outras duas demissões em massa neste ano.
Servidores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), entidade administrativa ligada ao Ministério da Educação, responsável por produzir estudos sobre a educação no país e por elaborar, organizar e aplicar exames como o Enem, acusam o governo federal de interferência no órgão e fragilidade técnica e administrativa.
Por conta disso, 37 servidores entregaram seus cargos no Inep. Em decorrência das demissões, estão prejudicadas análises técnicas e elaboração de estudos e dados sobre a Educação no país em 2021.
Alegando insatisfação com a atual gestão, mais 24 servidores pediram demissão da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Agora, são 138 profissionais que pediram para sair da entidade.
Os servidores e pesquisadores acusam o governo federal de constantes interferências na Capes. As 24 demissões ocorreram após o pedido de exoneração do diretor Flávio Camargo, no dia 15 de dezembro. Essa é a primeira saída de profissional do alto escalão da entidade.
Em carta pública, os 24 servidores que se demitiram, prestaram solidariedade ao diretor. “Entendemos que a saída do referido diretor é mais um capítulo na fragmentação que assola o Sistema Nacional de Pós-Graduação e a nossa querida Agência Capes.”
Edição: Leandro Melito