Raoni pede três coisas a Lula, entre elas o comprometimento com a demarcação das terras indígenas
Por AFP, na Folha de Pernambuco
O cacique Raoni, símbolo da luta pela causa indígena no Brasil, pediu ajuda ao ex-presidente e pré-candidato às eleições presidenciais de outubro, Luiz Inácio Lula da Silva, antes de viajar à Europa em setembro, informou nesta terça-feira (24) uma ONG francesa.
O célebre cacique, que usa um grande disco labial, enviou uma carta ao líder da esquerda brasileira por intermédio da princesa Esmeralda de Bélgica.
Ativista engajada pelo clima e pelos direitos indígenas, ela acaba de passar cinco dias “muito emotivos” na aldeia de Raoni, no Xingu, no Mato Grosso, 60 anos depois de seu pai, o rei Leopoldo III, conhecer ali o cacique, ainda muito jovem.
“Foi ele quem me pediu que transmitisse esse pedido a Lula, com quem quer estabelecer um diálogo. Com o outro candidato não pode”, acrescentou, em alusão ao presidente Jair Bolsonaro.
A princesa Esmeralda disse ter conhecido Lula em São Paulo nesta terça-feira “como jornalista e ativista, não como membro da família real belga”.
Em sua carta, à qual a AFP teve acesso, Raoni pede três coisas a Lula, que é favorito ao pleito em outubro, “caso seja” eleito presidente novamente: “comprometa-se com a demarcação de todas as terras indígenas do Brasil, (com o) fortalecimento da Funai”, nomear um indígena para presidir a fundação encarregada da questão indígena e subordinado ao Ministério da Justiça.
Além disso, o cacique nonagenário da etnia caiapó, que denunciou Bolsonaro perante o Tribunal Penal Internacional por “crimes contra a humanidade”, pede que Lula incorpore representantes indígenas de cada região do Brasil no ministério de Assuntos Indígenas, que prometeu criar se for eleito.
O cacique fará uma visita a Paris, Bruxelas e Londres entre o fim de setembro e o começo de outubro, que coincidirá com o primeiro turno das eleições, informou a Planète Amazone.
Os indígenas denunciam que são vítimas de invasões de suas reservas por parte de garimpeiros, madeireiros e pecuaristas, que levam violência, doenças e destruição à floresta.
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Foto: AFP