Na 6ª feira (12/8) o INPE anunciou os dados consolidados do desmatamento na Amazônia para o mês de julho. No mês passado, o sistema DETER-B registrou alertas de desmate para uma área de 1.487 km2, número ligeiramente inferior (-2%) em comparação com o mesmo mês em 2021 (1.498 km2). Assim, a soma da área potencialmente desmatada na Amazônia nos últimos 12 meses chegou a 8.590 km2, o terceiro maior índice anual desde 2015 – e o 3º recorde anual registrado sob o atual governo federal.
O balanço anual do desmatamento, que considera os dados desde agosto a julho, só será confirmado em novembro, quando o INPE liberar os dados do sistema PRODES, que faz um monitoramento mais apurado da área desmatada. De toda forma, o cenário esboçado pelo DETER-B já levanta grande preocupação: no ano passado, o DETER registrou alertas de desmate para 8.780 km2; e os dados do PRODES somaram uma taxa ainda maior, de 13.038 km2.
Segundo o Observatório do Clima (OC), os dados dos últimos 12 meses indicam que não podemos descartar uma inédita 4a elevação anual consecutiva do desmatamento na Amazônia. “É mais um número que estarrece, mas não surpreende: o desmatamento fora de controle da Amazônia resulta de uma estratégia meticulosa bem implementada [do atual presidente] e seus generais para desmontar a governança socioambiental no Brasil”, comentou Marcio Astrini, secretário-executivo do OC.
O descontrole do desmatamento também foi abordado por Ana Carolina Amaral na Folha. Qualquer futuro governo minimamente disposto a enfrentar o problema terá desafios tremendos para conter a destruição e reverter o quadro dramático da Amazônia. “Agora, em período eleitoral, mais do que fazer política ambiental para inglês ver, o país precisa encontrar suas próprias razões para discutir a reversão do patamar [atual] de desmatamento, no bojo de uma discussão sobre modelo de desenvolvimento”.
Já Rômulo Batista, do Greenpeace Brasil, destacou a insistência do governo federal e de seus aliados no Congresso em aprovar projetos que vão intensificar ainda mais o desmatamento. “Ao invés do poder executivo e dos parlamentares estarem focados em conter os impactos da destruição da Amazônia sobre a população e o clima, (…) eles tentam aprovar projetos que irão acelerar ainda mais o desmatamento, os conflitos no campo e a invasão de Terras Públicas”.
Os dados do DETER-B tiveram ampla repercussão na imprensa, com manchetes no Correio Braziliense, Estadão, Folha, Jornal Nacional (TV Globo), Poder360, Valor e VEJA, entre outros.