“O vídeo documentário Eu conta-dor de mim- Depoimento de Nair Benedicto, dividido em quatro Episódios, é um relato pungente de uma mulher que viveu os horrores da ditadura civil militar, e que ao sair da prisão lutou contra a opressão do regime e pela construção de organizações populares de resistência. Tornou-se uma das importantes fotógrafas brasileiras.
Nair narra com detalhes o dia em que foi presa pela ditadura civil militar, as torturas que sofreu na passagem pelo DOPS e o período no cárcere do Presídio Tiradentes. Seus depoimentos relembram o convívio com outras mulheres presas, as estratégias individuais e coletivas para sobreviver ao isolamento e as opressões do regime civil militar.
Ao ser perguntada se não se sente amedrontada em publicar esses relatos em tempos tão difíceis como os atuais, Nair responde: “Ter medo é parte da vida, eu tenho medo mas não o uso. Apesar do medo ser uma constante na vida de todos nós, nunca deixei de fazer nada que fosse importante e necessário, visando construir coletivamente um mundo melhor para todos.”
Por que fazer esses vídeos hoje? Com 82 anos, e sobrevivendo mais uma vez a um feroz retrocesso da democracia, com discursos de ódio e de questionamentos dos direitos humanos, com apologia à tortura e ataques à legalização dos territórios indígenas, incentivo à devastação da Amazônia com liberação de territórios para o garimpo ilegal, aos planos de golpear a Constituição, as eleições e o Estado de Direito.
O que vivemos nesses últimos anos é a naturalização do comportamento execrável e violento, com a proliferação do consumo de armas, dos assassinatos diários da juventude pobre, com famílias inteiras morando nas ruas de quase todas as cidades brasileiras, e a FOME atingindo a maior parte da população.
É um convite ao NÃO ESQUECIMENTO. À MANUTENÇÃO DOS ARQUIVOS DE MEMÓRIA. AO DEBATE.
Enfim, não compactuar com um fatídico ‘SIGILO DE 100 ANOS’ para esconder todos os horrores que vêm sendo perpetrados à direitos duramente adquiridos. “NÓS, SOBREVIVENTES DO ÓDIO” como escreveu a jornalista Cristina Serra temos o dever da Verdade e da Memória”
Os quatro episódios de Eu conta-dor de mim serão publicados no canal do youtube da fotógrafa, e como ela mesma afirma “podem ser material de debates em escolas, famílias, sindicatos e grupos diversos; para combater a ignorância e a mentira, o mais importante é sempre o debate”.
No primeiro episódio, Nair relata com detalhes o dia de sua prisão, as torturas que sofreu e como descobriu a solidariedade dos gestos mais simples , em meio aos demais presos que, como ela, foram sequestrados e violentados pelo regime civil militar.
Uma das principais mensagens do documentário é a sempre necessária ação de rever nossa história sem medos e sem ilusões, mas com muita esperança.
O Episódio I já está disponível aqui e abaixo:
Ficha técnica – Eu conta-dor de mim – Depoimento de Nair Benedicto – Roteiro: Nair Benedicto e Sônia Fardin; Câmera e Som: Frederic Breyton e Miguel Breyton; Montagem: Danielle Breyton, Nair Benedicto, Frederic Breyton e Miguel Breyton; Finalização: Frederic Breyton
–
Enviado para Combate Racismo Ambiental por Sonia Maria Rummert.
eu nao consigo entender:
1- como a Nair consegue relatar tamanho sofrimento com serenidade
2- como as pessoas podem chegar ao extremo da maldade com o outro
3- como as pessoas ainda sao frias e incredulas à todas as atrocidades da ditadura militar
Receba meu abraço e minha solidariedade, Nair!