Em uma década, a área impactada pelo garimpo no Brasil dobrou, superando aquela ocupada pela mineração industrial. De acordo com um levantamento divulgado ontem (27/9) pelo MapBiomas , o garimpo passou de 99 mil hectares em 2010 para 196 mil em 2021, com a Amazônia concentrando mais de 91% da área garimpada em todo o país. Para comparação, a mineração industrial precisou de duas décadas para sair dos 86 mil hectares ocupados em 2001 para os 170 mil he em 2021.
Dois estados amazônicos respondem pela maior parte das áreas garimpadas de todo o país: Pará (com 113.777 hectares) e Mato Grosso (59.624 ha).
Quatro dos cinco municípios brasileiros que mais garimpam estão no Pará: Itaituba (57,1 mil ha), Jacareacanga (15,6 mil ha), São Félix do Xingu (8,1 mil ha) e Ourilândia do Norte (7.642 ha), com o 3º lugar sendo ocupado pelo município mato-grossense Peixoto do Azevedo (11,2 mil ha).
Outro dado preocupante está no tipo de terreno sobre o qual o garimpo se expandiu na Amazônia: a intensificação da atividade garimpeira foi maior em Áreas Protegidas (AP), como Terras Indígenas e Unidades de Conservação. Entre 2010 e 2021, as áreas de garimpo em território indígena cresceram 632%, englobando quase 20 mil hectares no ano passado.
Na lista das TI mais afetadas, estão as Terras Kayapó (11.542 mil he), Munduruku (4.743 he), Yanomami (1.556 he) e Tenharim do Igarapé Preto (1.044 he). Já nas UC, o crescimento do garimpo foi de 352% na última década, com destaque para a APA do Tapajós (43.266 he), FLONA do Amanã (5.400 he), FLONA do Crepori (1.686 he) e PARNA do Rio Novo (1.637 he).
“A série histórica mostra um crescimento ininterrupto do garimpo e um ritmo mais acentuado que a mineração industrial na última década, além de uma inequívoca tendência de concentração na Amazônia”, observou Cesar Diniz, consultor do MapBiomas.
As informações foram pauta do Congresso em Foco, Correio Braziliense, Folha, g1, Observatório da Mineração, Metrópoles, TV Cultura e VEJA.
Em tempo: Em seu 4ª episódio, a série podcast Amazônia Ocupada, do Diálogo Chino e Trovão Mídia, visita a província mineral do Tapajós, uma área de 90 mil km2 no sul do Pará que se tornou espaço para esperanças de garimpeiros e conflitos com Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais. Como em toda a Amazônia, a esmagadora maioria dos garimpos é ilegal e tem se aproveitado da leniência governamental para avançar sobre territórios antes intocados.