Alternativa à marcha para a morte: a resistência brasileira. Por Ivandro da Costa Sales

Na Alemanha nazista era assim: muitos concordavam com a perseguição e morte dos judeus, ciganos, evangélicos, homossexuais e opositores políticos; outros diziam que deviam cumprir ordens sem questionar; muitos denunciavam os judeus para ficar com seus bens. E sabiam muito para onde estavam indo os amigos, vizinhos e simpáticos judeus! (A banalidade do mal).

De quanto tempo se precisa para fazer uma viagem (que não deve ser feita) do Brasil para a Alemanha de 1939 a 1945?

O Brasil corre o risco dessa viagem tão arriscada?

Com a vitória do bolsonarismo, a boiada passará imediatamente pelas porteiras das terras dos índios, pelos assentamentos do Movimento dos Trabalhadores sem terra e dos quilombolas, pela floresta amazônica, pelas terras ricas em minérios e pelas estatais brasileiras. E ai de quem não gostar!

O Supremo Tribunal Federal, o MST, artistas, jornalistas e professores serão atacados imediatamente porque todos são “comunistas” e, portanto, do mal.

Alguém escreveu por estes dias nas redes sociais:

O bolsonarismo é uma seita extremista que hospeda o pior do ser humano: o falso cristão, o militar miliciano, o rico racista e violento e o pobre ignorante”.

Mesmo que as forças mais democratas vençam a eleição para presidente da república, a pauta antidemocrática e da falsa moral bolsonarista será muito bem defendida na Câmara federal e no Senado pelo Centrão e por esses cães de guarda: Hamilton Mourão, Sérgio Moro, Deltan Dallagnol,  Ricardo Salles, Mario Frias, Damares Alves, Magno Malta, Teresa Cristina, Pazuello, Carla Zambelli,  Eduardo Bolsonaro e tantos governadores fiéis e obedientes.

Dá para cancelar a viagem tão arriscada?

Usar bem a grande e decisiva trincheira:

  • Organizações populares fortes e competentes. (bom senso X senso comum. Boa argumentação X abestalhamento. Viva GRAMSCI).
  • Um Novo Príncipe: gestão da sociedade realizada por um coletivo de representes do governo e das diversas organizações da sociedade civil. (De novo Gramsci: Estado Ampliado).

A democracia parlamentar representativa é uma trincheira. Não é decisiva, mas pode conseguir deter a fúria e pressa dos agressores.

Dicas de pedagogia: acertar, aprofundar e saciar as fomes do estômago e da alma das pessoas e grupos injustiçados da sociedade. Atenção: num processo democrático de intercâmbio de modos de sentir, pensar, agir, se expressar, evitando assim a prática autoritária e ineficaz de impor verdades, princípios, palavras de ordem.

Até seria oportuno pesquisar a pouca influência que tiveram na votação do primeiro turno das eleições o apelo de nossos artistas populares tão queridos, a nossa tão grande vibração e militância, as declarações  e elogios de tanta gente importante do Brasil e exterior. Não acertamos nas fomes do estômago e da alma? Quais seriam?

Muitos países estão preparando essa viagem à Alemanha de 1939.

Seria a vitória da morte e da destruição sobre a luta pela preservação da vida? Seria uma marcha inexorável para a morte?

É uma sugestão para antecipar a resistência desesperada e perigosíssima que os europeus fizeram à destruição nazista.

Sítio Mãe Liquinha. Taperoá. PB

Imagem: Claudio Duarte.

Enviada para Combate racismo Ambiental por Ruben Siqueira.

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.

4 × um =