Quase 40% da extração madeireira na Amazônia é ilegal, indica pesquisa

ClimaInfo

Pela primeira vez, pesquisadores conseguiram estimar o volume de madeira explorada ilegalmente na Amazônia que atravessa a cadeia produtiva do setor, contaminando-a com matéria-prima de origem irregular.

De acordo com um levantamento apresentado pela Rede Simex (formada por Imazon, Idesam, Imaflora e ICV), quase 40% da área com registro de atividade madeireira na região amazônica não possui autorização oficial, adentrando inclusive em áreas nas quais a prática é totalmente ilegal, como Terras Indígenas e Unidades de Conservação.

Por meio de imagens de satélite, a pesquisa mapeou 377 mil hectares de área florestal com extração de madeira na Amazônia entre agosto de 2020 e julho de 2021. Estes dados foram cruzados com referências relativas às autoridades dadas por órgãos governamentais para a atividade no mesmo período.

Assim, identificou-se cerca de 142 mil hectares com extração madeireira sem permissão, representando 38% do total – uma área equivalente à do município de São Paulo (SP) derrubada de maneira ilegal.

O levantamento mostra também que, do total de área explorada pelos madeireiros sem autorização, cerca de 21 mil hectares foram derrubados dentro de Terras Indígenas e Unidades de Conservação, uma extensão igual à cidade de João Pessoa (PB).

O território indígena mais afetado pela extração ilegal de madeira foi a Terra Aripuanã, no Mato Grosso, que perdeu mais de 4 mil hectares de floresta. O Mato Grosso concentrou mais de 70% da extração ilegal de madeira, cerca de 103 mil hectares.

“Esse índice de exploração não autorizada é muito alto e representa graves danos socioambientais para a Amazônia, o que contribui para impedir o desenvolvimento sustentável da região. Sem o manejo florestal sustentável a floresta pode ser degradada, há mais riscos de conflitos e deixa-se de gerar empregos formais e impostos”, explicou Dalton Cardoso, do Imazon.

Os dados sobre a exploração madeireira ilegal na Amazônia tiveram destaque em veículos como Envolverde((o)) ecoSBT e Valor, entre outros.

Em tempo: Um estudo inédito mostrou como o descontrole do desmatamento da Amazônia durante o governo Bolsonaro intensificou a “pegada de carbono” da floresta. De acordo com a pesquisa, os recordes de desmate e queimadas nos dois primeiros anos do atual governo causaram um aumento de 89% das emissões de dióxido de carbono (CO2) em 2019 e 122% em 2020, na comparação com a média anual registrada entre 2010 e 2018. O estudo foi coordenado por Luciana Gatti, do INPE, e está em fase de preprint na revista Nature. O Observatório do Clima deu mais informações.

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