Organizações pressionam OCDE por proteção ambiental e indígena no Brasil

ClimaInfo

Uma coalizão de 43 organizações sociais do Brasil e do exterior encaminhou aos países-membros da OCDE uma carta pedindo que a entidade cobre do governo brasileiro o atendimento de altos padrões para proteção ambiental, climática e dos Direitos Indígenas. Para os signatários, o Brasil de Bolsonaro “não atende atualmente aos critérios ambientais, climáticos e de Direitos Humanos da OCDE”, lembrando que o país experimenta uma escalada preocupante nos índices de desmatamento na Amazônia e de violência contra indígenas e ambientalistas. “Solicitamos que os Estados-Membros da OCDE examinem cuidadosamente os acontecimentos recentes no Brasil. Por favor, avaliem as políticas, os processos e os históricos climáticos e ambientais do país. Insistam em uma forte e devida diligência, que inclua avaliações de terceiros, revisões independentes e missões de averiguação. Consultem a sociedade civil, os Povos Indígenas e os defensores das florestas cujas vidas foram colocadas em risco”, diz o documento.

“Estamos monitorando com atenção e esperança o processo de acessão do Brasil à OCDE. Há um enorme potencial para se fomentar políticas mais favoráveis ao clima e às florestas por meio desse processo”, comentou ao Valor Natalie Unterstell, do Instituto Talanoa, uma das entidades signatárias da carta. “Neste momento, nós nos unimos a outras organizações brasileiras e internacionais pedindo para que a OCDE aja com máxima transparência e se baseie em evidências para avaliação do memorando brasileiro”.

Não custa lembrar que a adesão do Brasil à OCDE é uma prioridade de política externa do atual governo, embora venha sendo contestada por conta do descontrole do desmatamento e dos repetidos ataques do próprio presidente aos Povos Indígenas.

Em tempo 1: Uma análise da representação brasileira da Câmara de Comércio Internacional e da consultoria WayCarbon mostrou que o Brasil pode ser um player importante no mercado internacional de créditos de carbono: o país pode atender a mais de 48% da demanda global por créditos desse tipo, com o potencial de movimentar cerca de US$ 120 bilhões até 2030. O Valor deu mais informações.

Em tempo 2: O Capital Reset destacou a avaliação do economista Jeffrey Sachs sobre o potencial do mercado de carbono para a promoção da conservação de florestas e para o reflorestamento, inclusive na Amazônia. Menos otimista, Sachs ressaltou que esses mercados ainda estão incipientes e não envolvem o que, na visão dele, é crucial para virar esse jogo: o financiamento dos países ricos para a ação climática nos países pobres. “Não podemos depender [apenas] dos mercados voluntários de créditos em face do problema que estamos enfrentando. Tudo seria destruído antes que se alcançassem respostas em escala”, disse.

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