Artigo traz reflexão sobre o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra na atual conjuntura
Por João Paulo Rodrigues e Kelli Mafort, na Página do MST*
O presidente Jair Bolsonaro (PL) se regozija quando estufa o peito e anuncia que, com suas políticas de repressão e liberação das armas, acabou com o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Com a sua mentalidade autoritária e falas mentirosas, considera um feito acabar com uma luta histórica dos trabalhadores rurais Sem Terra.
Agora, no processo eleitoral, Bolsonaro e os candidatos da extrema-direita retomam os ataques ao MST, recorrendo insistentemente ao uso de mentiras.
O MST acabou ou não, Bolsonaro? Se acabou, por que retomar a campanha de difamação? Se não acabou, o fim do movimento é só mais um caso de estelionato eleitoral. O mesmo estelionato mentiroso que promove ao dizer que não há corrupção em seu governo.
Os ataques à luta pela reforma agrária não passam de uma manobra eleitoreira para manipular setores da sociedade e fugir do debate de projeto para o país. Onde estão suas propostas para criar empregos, saúde, educação e políticas de combate à fome e produção de alimentos saudáveis? Foram 4 anos de governo para se notabilizar como um motoqueiro que não usa capacete?
O MST organiza trabalhadores rurais em defesa da democratização da terra, da reforma agrária e de mudanças sociais no Brasil, desde 1984. Para isso, luta para que as propriedades agrícolas que não cumprem uma função social, como exige a Constituição de 1988, sejam destinadas à reforma agrária.
Em 38 anos, a organização e a luta dos trabalhadores rurais contribuíram para milhares de pessoas terem casa, oportunidade de estudo e de trabalho. O movimento organizou também centenas de cooperativas para a produção, comercialização e industrialização de alimentos, destinados à mesa da família brasileira.
O MST é reconhecido pelas ações de solidariedade realizadas durante a pandemia. Fez a doação de mais de 7.000 toneladas de alimentos e 2 milhões de marmitas para alimentar a população brasileira, que a política econômica de Bolsonaro jogou na pobreza. Quem é mais digno para carregar a bandeira do Brasil nos ombros? Temos a maior produção de arroz orgânico da América Latina.
Os ataques ao MST atestam que Bolsonaro sabe que o movimento está vivo e que a luta dos trabalhadores rurais não chegará a seu termo até a realização da reforma agrária.”
Na marcha que fizemos de Goiás a Brasília, em 2005, o bispo católico Dom Tomás Balduíno disse que o MST “era um ajudante de Deus para construir um mundo melhor”. Essa semana, um outro bispo católico, Dom Mauro Morelli, afirmou que “Bolsonaro em Aparecida comportou-se como Agente de Satanás” no Dia da Padroeira do Brasil. Não há síntese melhor para mostrar de que lado o MST está e quem representa o atual governo.
Defendemos a vida. Por isso, o apoio da sociedade ao movimento cresceu de forma extraordinária nos últimos anos. A sociedade nos apoiou na luta contra o golpe, contra a prisão injusta do ex-presidente Lula e contra o governo genocida de Bolsonaro.
O MST tem orgulho da relação construída com candidaturas comprometidas com a justiça social, a democracia e as lutas populares em todo o país. Estamos em luta agora, e sempre, contra um governo autoritário, atolado na corrupção e responsável por milhares de mortos durante a pandemia, como ficou demonstrado na CPI da Covid.
Não esmorecemos diante das provocações de um presidente genocida. Esse governo que recorre cotidianamente ao preconceito, ao medo e à mentira para manipular a população e combater a organização popular tem os seus dias contados.
*Publicado originalmente no Poder360
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Foto: Wellington Lenon