Alvo de ataques racistas, Joziléia Kaingang tem sido questionada sobre sua identidade étnica e sobre o lugar de protagonismo que povos indígenas ocupam em espaços de liderança
O Conselho Indigenista Missionário – Cimi, Regional Sul solidariza-se com a companheira Joziléia Daniza Jagso Inácio Jacodsen Schild, mulher indígena da etnia Kaingang, antropóloga, integrante da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA) e da Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (ARPINSUL).
Joziléia tem sido alvo de comentários racistas feitos por um perfil denominado “Ali Anca Luter Ana” nas páginas do Facebook da Fundação Luterana de Diaconia (FLD) e do Conselho de Missão entre Povos Indígenas (COMIN). Os comentários ofensivos e discriminatórios foram feitos a partir da participação de Joziléia na 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 27), realizada no Egito. Ela sofreu questionamentos sobre sua identidade étnica e outras violências relacionadas à capacidade dos povos indígenas em ocuparem espaços de diálogos e discussões em âmbito internacional.
O Conselho Indigenista Missionário, Regional Sul, compreende que esse fato é gravíssimo, sendo inadmissível que esses comportamentos violentos continuem sendo reproduzidos. Racismo deve ser combatido, conforme previsto no Artigo 5º, Inciso XLII da Constituição Federal, o qual menciona que a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei de Nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, art. 1º. Serão punidos, na forma desta lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
Reiteramos mais uma vez nosso apoio à Joziléia e nosso compromisso em defesa à causa indígena, em denunciar as violações históricas que esses povos são submetidos e no anúncio de um outro mundo possível, de esperança e respeito às diversidades.
Chapecó, SC, 23 de novembro de 2022
Conselho Indigenista Missionário – Cimi Regional Sul
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Joziléia tem sido alvo de comentários racistas nas redes sociais. Fotos: Pipo Quint / Fotógrafo da Agecom / DGC / UFSC