Na Abraji
De 30.out.2022 a 1.jan.2023, foram registrados 70 casos de agressão física, ofensas, impedimento de trabalho, assédio digital, entre outras modalidades de ataques a jornalistas. O monitoramento tem sido feito pela Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) em parceria com a Fenaj (Federação Nacional de Jornalistas). A maioria dos ataques partiu dos grupos bolsonaristas que, mesmo depois da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ainda não se desmobilizaram totalmente no entorno de quartéis do Exército.
Dos 70 ataques, 65 episódios ocorreram na cobertura dos acampamentos e bloqueios de rodovias, que foram considerados antidemocráticos, ilegais e golpistas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Os ataques mais graves, no entanto, estão relacionados aos acampamentos, mas não ocorreram nesses locais. Foram registrados em Rondônia, onde uma rádio foi incendiada e a redação de um portal de notícias foi atacada por um atirador. A violência política atingiu meios de imprensa tradicionais e independentes, assim como todo tipo de veículo: jornal, site, TV e rádio.
O alvo mais recente aconteceu no cerco à equipe brasileira que presta serviços à CNN de Portugal. O correspondente Nelson Garrone, o operador de áudio e o repórter cinematográfico foram agredidos fisicamente ao cobrir o acampamento em frente ao QG do Exército, em Brasília, em 30.dez.2022. A Abraji registrou ataques em 19 estados e no Distrito Federal. Os maiores índices são de São Paulo (9), Rio de Janeiro (7), Santa Catarina (6), Paraná (6) e Distrito Federal (6). Do total de agressões, 66 ocorreram na área dos acampamentos, quando os jornalistas tentavam produzir reportagens das manifestações.
A Abraji ficou de plantão durante a cerimônia de posse de Lula, que transcorreu com a devida tranquilidade. Não houve registro de ataques ou de impedimento de trabalho. A organização mantém on-line um formulário para que os jornalistas possam reportar situações de assédio, impedimento de trabalho e toda sorte de violência política que tenham sofrido no exercício da profissão.
Durante todo esse período tumultuado, a Abraji e organizações como a Fenaj e o Instituto Tornavoz procuraram as autoridades nacionais, locais e regionais para cobrar providências e mais segurança para os jornalistas.
“Esperamos que, com a transição do governo concluída, os profissionais de imprensa tenham mais tranquilidade para trabalhar. Mas permanecemos vigilantes e esperamos que os ataques sejam investigados e, seus autores, responsabilizados”, afirma a presidente da Abraji, Katia Brembatti.
Acesse AQUI a distribuição de casos por estado.
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Foto: Manifestantes em frente ao QG do Exército em Brasília. Valter Campanato/Agência Brasil.