Caso Casino – Povo Uru-Eu-Wau-Wau se junta à ação protocolada na Justiça

Grilagem de terras dentro do território indígena está conectada à cadeia de abastecimento de um frigorífico da empresa brasileira JBS, fornecedora das lojas do grupo Casino no Brasil, indica relatório

CPT

Na véspera da audiência a ser realizada com o Grupo Casino/Pão de Açúcar, relacionada ao desmatamento e à grilagem de terras de povos tradicionais, a associação Jupaú, que representa o povo indígena Uru-Eu-Wau-Wau, confirmou oficialmente o interesse em integrar a coalizão internacional de organizações que iniciaram na Justiça francesa uma ação contra a rede de supermercados.

Em 03 de março de 2021, uma coalizão formada por organizações brasileiras e colombianas que defendem os direitos dos povos indígenas e dos camponeses (COIAB, CPT, FEIPA, FEPOIMT e OPIAC), e por ONGs internacionais (Canopée, Envol Vert, FNE, Mighty Earth, Notre Affaire à Tous e Sherpa) denunciou na justiça francesa a rede de supermercados Casino por violação de seu dever de vigilância. Elas criticam o Casino por não ter tomado as medidas necessárias para excluir de sua cadeia de fornecimento no Brasil e na Colômbia, carnes bovinas oriundas de desmatamentos ilegais e de violações de direitos de povos autóctones.

Alguns meses atrás, o Centro de Análise de Crimes Climáticos (CCCA) publicou um relatório revelando a devastação causada pela pecuária no território do povo indígena Uru-Eu-Wau-Wau. Mais de 25.482 cabeças de gado estão ali presentes de forma ilegal e 13.411 hectares de terra foram desmatados para criar pastagens, uma superfície superior à da cidade de Paris.

Com base em registros oficiais de transporte de animais, três fazendas estabelecidas de forma ilegal dentro do território do povo Uru-Eu-Wau-Wau foram identificadas, sendo concectadas à cadeia de abastecimento de um frigorífico da empresa brasileira JBS, fornecedora das lojas do grupo Casino no Brasil.

Diante desta constatação, o povo Uru-Eu-Wau-Wau exige, por meio dessa ação, a reparação dos danos ambientais e das violações de direitos humanos causados ​​pelo desmatamento ilegal e pela atividade pecuária. Ele traz também novos elementos que evidenciam as ligações com o grupo Casino, o qual teria falhado no seu dever de vigilância.

Representante do povo Uru-Eu-Wau-Wau, Bitaté Uru-Eu-Wau-Wau espera “que o caso Casino sirva de exemplo para outras empresas e que contribuirá para reduzir o desmatamento na Amazônia bem como garantir os direitos dos povos autóctones”.

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