Em meio à crise humanitária, o governo prometeu acelerar o recrutamento de médicos para distritos indígenas
por Thayná Schuquel, em Metrópoles
Em meio à crise humanitária relacionada ao povo Yanomami, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) exonerou, nesta segunda-feira (23/1), 10 coordenadores de saúde indígena do Ministério da Saúde. As demissões foram publicadas no Diário Oficial da União (DOU).
Os servidores foram destituídos dos cargos em Roraima – região visitada por Lula no meio da semana –, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo, Mato Grosso e Amazonas.
De acordo com o Ministério da Saúde, mais de 500 crianças Yanomami morreram por desnutrição. A situação trágica levou o atual governo a decretar estado de Emergência em Saúde de Importância Nacional (Espin) no território.
“Genocídio” e “crime premeditado”
Após visitar o povo indígena em Roraima, no sábado (21/1), Lula afirmou que o abandono dos Yanomami pela gestão de Jair Bolsonaro (PL) é “um crime premeditado” e um “genocídio”.
O presidente também relatou o cenário crítico no qual encontrou os indígenas.
“Adultos com peso de crianças, crianças morrendo por desnutrição, malária, diarreia e outras doenças. Os poucos dados disponíveis apontam que ao menos 570 crianças menores de 5 anos perderam a vida no território Yanomami nos últimos 4 anos, com doenças que poderiam ser evitadas”, disse o petista.
Mais médicos
Em resposta à necessidade de esforços para combater a tragédia no povo Yanomami, o Ministério da Saúde anunciou no domingo (22/1) que, por causa da falta de assistência sanitária para a população do território Yanomami, estuda acelerar um edital do Programa Mais Médicos a fim de recrutar profissionais para atuação nos Distritos Sanitários Indígenas (Dsei).
Segundo a pasta, o recrutamento seria de médicos formados tanto no Brasil quanto no exterior, e a atuação seria de maneira permanente, inclusive no Dsei Yanomami, onde quase 100 crianças morreram no ano passado, segundo o Ministério dos Povos Indígenas.
Os Dsei são unidades de responsabilidade sanitária federal e correspondem a uma ou mais terras indígenas.
Bolsonaro e Damares
O atual mandatário atribuiu ao seu antecessor a culpa pela crise humanitária dos povos Yanomamis. No domingo, Bolsonaro rebateu os ataques que recebeu de Lula.
Em seu canal oficial no Telegram, Bolsonaro classificou as críticas e acusações imputadas a ele como “mais uma farsa da esquerda”, e destacou ações do governo dele no território indígena.
Já a ex-ministra da Mulher, Família e dos Direitos Humanos Damares Alves, após as críticas, afirmou que acompanhou “com dor e a tristeza as imagens divulgadas sobre os Yanomami”. “Minha luta pelos direitos e pela dignidade dos povos indígenas é o trabalho de uma vida.”
No entanto, Damares afirmou que a desnutrição entre crianças indígenas é um “dilema histórico”, agravado pelo “isolamento imposto pela pandemia”.
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Foto: Ricardo Stuckert/Secom
Enviada para Combate Racismo Ambiental por Isabel Carmi Trajber.