Operação em território Yanomami completa três meses com melhorias na saúde

Inauguração do Centro de Referência em Saúde Indígena e cerca de 5,3 mil atendimentos emergenciais estão entre as principais ações

Por Maíra Elluké, Ministério da Saúde

A Missão Yanomami completou três meses de atuação, nesta sexta-feira (21), com a inauguração do Centro de Referência em Saúde Indígena do polo base de Surucucu. A unidade vai ampliar o atendimento de urgência e emergência aos indígenas no território. Coordenada pelo Ministério da Saúde, por meio do Centro de Operações de Emergência Yanomami (COE-Y), a operação já registrou mais de 5,3 mil atendimentos, entre a Casa de Apoio à Saúde Indígena (Casai), os polos base no território, o Hospital de Campanha das Forças Armadas e o hospital Geral de Boa Vista. Somente na Casai, dos 1.049 atendimentos realizados, houve um total de 764 altas e, dessas, 50,4% são crianças indígenas de até 14 anos. Neste mesmo período também foram entregues mais de 18 mil cestas básicas, totalizando 3.022 quilos de alimentos.

 A operação Yanomami, conta, até o momento, com cerca de 630 profissionais qualificados no atendimento aos indígenas, sendo 263 profissionais da enfermagem, 88 médicos, 61 agentes de combate a endemias, 13 nutricionistas, sete psicólogos, seis farmacêuticos, cinco dentistas, dois assistentes sociais, dois antropólogos, além dos mais de 180 profissionais que trabalham nas equipes de gestão, apoio administrativo e construção.

 O secretário de Saúde Indígena, Weibe Tapeba, fez um balanço positivo das ações e afirmou ter sido fundamental o trabalho conjunto da Sesai com as demais instituições. “Conseguimos reduzir, significamente, o número de óbitos. Alguns agravos de malária, de desnutrição e de doenças respiratórias também foram controlados”, destacou.

Nutrição infantil

Graças ao acompanhamento das equipes de saúde que atuam na Casai, 63 crianças Yanomami que se encontravam em grave condição nutricional saíram do quadro. Seis crianças continuam com desnutrição grave, e outras 26 estão em tratamento. 

Para responder rapidamente a esses casos, o grupo de trabalho de nutrição do COE-Y desenvolveu uma fórmula nutricional com açaí e bacaba, alimentos da cultura tradicional da etnia, adicionado ao leite terapêutico utilizado no tratamento das crianças. A adaptação aumentou a aceitação por parte dos pequenos indígenas e resultou no avanço do tratamento. O foco da bebida são os menores de 10 anos.

 Outro destaque foi a atualização do protocolo para gestantes no ‘Material de Orientação para Organização dos Cuidados em Alimentação e Nutrição: Atenção à Desnutrição da População Yanomami’.

De acordo com a coordenadora do COE-Y, Ana Lúcia Pontes, a avaliação otimista da operação se deu por conta da rápida mobilização por parte do governo federal e da ação integrada das secretarias do Ministério da Saúde. “A Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, por exemplo, tem sido o braço direito da atuação com o COE-Yanomami”, avalia.

Para a coordenadora, o maior desafio, durante este período, foi o processo de desmonte do antigo aparato de saúde e revisão de protocolos e rotinas de apoio nutricional. “Na raiz desse problema da grave desassistência sanitária e humanitária está o desmonte de políticas públicas”, completou Ana Lúcia.

Futuro

O COE-Y caminha para um momento de transição entre diminuir ações pontuais e emergenciais, para aumentar o fluxo de ações estruturantes e de rotina entre o Dsei Yanomami e a Secretaria Especial de Saúde Indígena. O tratamento de tuberculose e de outras questões de saúde terão mais assistência e acompanhamento. A qualificação dos profissionais que já atuam no Dsei-Y também será prioridade, não somente nas áreas técnicas, mas especialmente com foco nas questões culturais e antropológicas desta população.

Outras ações prioritárias do último mês

 • 100 crianças receberam megadose de vitamina A;

• Estruturação da cozinha no polo base de Surucucu;

• Em alusão ao Dia dos Povos Indígenas, foram realizadas atividades na Casai relacionadas à importância do tratamento da desnutrição.

Saúde

• Distribuição de 369.391 unidades de medicamentos para malária;

• Envio de 103.719 medicamentos para a Casai;

• Distribuição de 23.951 máscaras de proteção;

• Disponibilização de 50 litros de inseticida;

• Atuação em 37 polos-base, 31 Unidades Básicas de Saúde Indígena e 376 comunidades indígenas.

Infraestrutura

• Iniciada a reforma elétrica do polo-base de Surucucu;

• Finalização das melhorias de 22 banheiros em conjunto com a UNICEF;

• Início da reforma geral dos 4 banheiros da enfermaria;

• Perfuração de poço da Unidade Básica de Saúde Indígena (UBSI) do Surucucu em andamento;

• Instalação de lixeiras na Casai;

• Monitoramento da qualidade da água na Casai.

Maio de 2021: Com verminose e malária, criança yanomami dorme em rede na aldeia Maimasi, perto da Missão Catrimani, na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. Foto: Divulgação

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