Comitê Xapiri Yanomami repudia as violências cometidas contra o povo Yanomami

Nota publicada pelo Comitê condena os recentes ataques sofridos pelos povos Yanomami na comunidade Uxiú, região do Alto Mucajaí, em Roraima

Cimi

O Comitê Xapiri Yy constituído por movimentos e entidades sociais de Roraima repudiam o último ataque violento sofrido pelos povos Yanomami da comunidade Uxiú, região do Alto Mucajaí.

No dia 6 de maio, o corpo de uma mulher foi encontrado com sinais de violência sexual próximo a uma área de garimpo, onde cinco dias antes outros oito corpos de não indígenas foram localizados.

A comunidade vem sofrendo com ataques recorrentes de garimpeiros que apoiados por organizações criminosas tem propagado o genocídio do povo Yanomami e ameaçado os direitos constitucionais dos povos indígenas.

“A comunidade vem sofrendo com ataques recorrentes de garimpeiros que apoiados por organizações criminosas tem propagado o genocídio do povo”

É necessário que o estado de Roraima, apoiado pelo Governo Federal, consolide medidas urgentes de retaliação ao garimpo ilegal e promova a assistência à saúde a essa população, que ainda sofre com surtos de doenças como malária e pneumonia, além de desnutrição.

A nota expressa solidariedade a todos os povos da Terra Yanomami, que ainda sofrem uma tragédia humanitária, provocada pelo desamparo do Estado nos últimos quatro anos, facilitando a ação de criminosos dentro do seu território.

Assinam a carta diversos movimentos sociais que buscam garantir os direitos da Constituinte, entre eles o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Regional Norte I, que se manifesta de forma contrária à barbárie cometida pelos invasores.

Confira a nota na íntegra:

NOTA DE REPÚDIO À VIOLÊNCIA E SOLIDARIEDADE AO POVO YANOMAMI

Nós, do Comitê XAPIRI YY, composto por movimentos e entidades sociais de Roraima, de outros estados do país, além de organizações nacionais, viemos a público repudiar o último ataque violento sofrido pelos povos da Terra Indígena Yanomami, na comunidade Uxiú, região do Alto Mucajaí. Conclamamos toda a sociedade de Roraima, brasileira e a comunidade internacional a se somarem a esse grito pela vida contra esse sofrimento imposto a esses povos.

Nos solidarizamos com os povos da Terra Yanomami, que não podem continuar sendo atacados pelas ações do garimpo ilegal e por facções criminosas, que seguem há nos matando, disseminando a violência, o envenenamento das águas e desrespeitando a vida.

Exigimos que o estado brasileiro fortaleça as medidas de combate ao garimpo ilegal, principalmente, na segurança das famílias indígenas dentro do território e o atendimento digno de saúde a essa população, que ainda sofre com surtos de doenças, mesmo depois do decreto, em janeiro deste ano, de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN), após a morte de 570 crianças, durante os quatro anos do governo Bolsonaro.

É necessário uma articulação e mobilização interministerial mais efetiva do governo federal. É necessário também que o estado de Roraima não seja omisso e se mobilize diante dessa tragédia que tem ceifado a vida desses povos indígenas, com medidas e apoio ao combate do garimpo e não ao estímulo. Com medidas de alternativas de geração de renda e emprego a população de Roraima.

Nos colocamos a disposição do movimento indígena em Roraima para reforçar a luta em defesa dos direitos, em defesa da Terra-Mãe, em defesa da vida, principalmente, os povos da Terra Yanomami que ainda vivem uma tragédia humanitária, causada pela omissão e abandono do estado e a invasão do garimpo.

Assinam:
1. Articulação para o Monitoramento dos Direitos Humanos no Brasil (AMDH)
2. Associação de Ex Conselheiros e Conselheiros da Infância do Rio de Janeiro
3. Associação de Servidores da Educação Básica do Estado do Piauí
4. Cátedra de Direitos Humanos Dom Helder Câmara Pernambuco
5. Centro de Defesa dos Direitos e Educação Popular do Acre (CDDHEP)
6. Centro de Defesa dos Direitos Humanos Zumbi dos Palmares – CEDECA
Zumbi dos Palmares, Alagoas
7. Centro de Direitos Humanos de Cristalândia Dom Heriberto Hermes (CDHC)
8. Centro de Direitos Humanos Dom Máximo Biennès – Cáceres MT
9. Centro de Direitos Humanos e Educação Popular de Campo Limpo, São
Paulo (CDHEP)
10.Centro dos Direitos Humanos Maria da Graça Braz – Joinville
11.Comissão De Direitos Humanos de Passo Fundo (CDHPF)
12.Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS)
13.Conselho Indigenista Missionário Norte 1 AM-RR
14.Conselho Indígena de Roraima (CIR)
15.Comissão Pastoral da Terra- Regional- RR
16.Fórum de Direitos Humanos e da Terra do Mato Grosso
17.Grupo Tortura Nunca Mais – Bahia
18.Instituto Braços – Sergipe
19.Instituto Brasil Central (IBRACE)
20.Levante Popular da Juventude – RR
21.Movimento Estadual de Direitos Humanos de Tocantins
22.Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH Brasil)
23.Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST -RR)
24.Movimento de Mulheres Camponesas (MMC-RR)
25.Núcleo de Mulheres de Roraima (Numur)
26.Observatório de Justiça Socioambiental Luciano Mendes de Almeida
27.Pastorais Sociais da Diocese de Roraima
28.Pastoral Indigenista da Diocese de Roraima
29.Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-RR)
30.Região Baixo Cotingo
31.Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH)
32.Solidarievida de Londrina, PR
33.Terra de Direitos

Mobilização de povos indígenas em frente à Assembleia Legislativa do estado de Roraima durante o ATL-RR 2022. Foto: Caique Souza, comunicador indígena do CIR

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