Exploração de petróleo na foz do Amazonas pode afetar pesca artesanal no Pará

ClimaInfo

A área que se estende do norte do Pará ao Amapá é uma das regiões pesqueiras mais produtivas do país. A região vem sofrendo com pesca predatória e sobrepesca. Agora, pescadores artesanais paraenses temem que a situação piore com a exploração de petróleo na foz do Amazonas – o que também preocupa pescadores de Oiapoque, no extremo norte amapaense.

Pescadores artesanais da vila de Ajuruteua, em Bragança (PA), vêm constatando uma escassez de peixes causada pela pesca excessiva feita principalmente para suprir mercados internacionais, como o estadunidense e o chinês. E se a Petrobras conseguir a licença do IBAMA para perfurar um poço exploratório no bloco FZA-M-59, na bacia da foz do Amazonas, a situação pode piorar, destaca a Folha.

Ajuruteua faz parte da Reserva Extrativista (RESEX) Marinha Caeté-Taperaçu, administrada pelo ICMBio. Pescador e mestre carimbó, Lázaro Fernandes representante da comunidade no conselho da RESEX, teme que a exploração de petróleo trará ainda mais perturbações do que a vila já sofre com a pesca predatória.

O medo é justificado. Embora esteja a 179 km da costa amapaense, o FZA-M-59 está a menos de 40 km do recife amazônico, um ecossistema diverso e único que reúne espécies representantes tanto da diversidade caribenha quanto amazônica.

Muitas das espécies que se alimentam no recife se reproduzem em áreas próximas aos estuários nas costas do Amapá e Pará. Um desequilíbrio causado pela diminuição da oferta de alimento e perturbação do solo recifal pode afetar essas espécies, rompendo o ciclo reprodutivo de animais nos estuários, afetando as demais espécies que ali vivem.

Uma das justificativas da Petrobras para perfurar um poço na foz do Amazonas é a necessidade de recompor reservas de petróleo, que estariam ameaçadas de declínio. No entanto, dados consolidados de 2022 divulgados pela ANP mostram que as reservas totais de petróleo do Brasil cresceram 10,6% no ano passado em relação a 2021, chegando a 26,91 bilhões de barris. Já as reservas provadas de petróleo somaram 14,9 bilhões de barris, uma expansão de 11,5%, informa a Agência Brasil.

Considerando que a produção média nacional vem girando em torno de 3 milhões de barris de petróleo por dia, as reservas provadas seriam suficientes para cobrir 13 anos de produção nos volumes atuais. Mas ainda há áreas do pré-sal sendo exploradas, o que deve ampliar as reservas sem a necessidade de perfurações arriscadas na foz e em outras áreas sensíveis da Margem Equatorial, região que virou o novo foco da Petrobras.

Lalo de Almeida / Folhapress

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