Pochmann no IBGE: A ameaça do desenvolvimento aos cultos do laissez-faire. Por David Deccache

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A história nos ensina que cada mudança no equilíbrio de poder ressoa profundamente nas estruturas ideológicas da sociedade. A recente nomeação de Pochmann, um renomado desenvolvimentista com viés socialista, para a presidência do IBGE não é exceção. Este movimento provocou um embate com os economistas liberais, fervorosos guardiões de uma ciência econômica supostamente “pura” e universal. Porém, mais do que um conflito de ideias, este embate revela uma luta de classes subjacente no coração do pensamento econômico.

Os liberais, fervorosos devotos do laissez-faire, veem a economia como um sistema governado por leis naturais, comparáveis à física. Eles defendem um mercado ideal, onde a intervenção estatal é minimizada, refletindo os interesses da classe dominante que se beneficia de tal ordem. Nesse contexto, a ascensão de Pochmann ao IBGE é percebida como uma provocação, uma ameaça à hegemonia de sua “verdadeira ciência”.

Em contraste, os desenvolvimentistas, especialmente os que dialogam com uma perspectiva socialista, enraizados na história e na dinâmica das classes sociais, apresentam uma visão da economia que valoriza a flexibilidade e a contextualização. Eles veem métodos estáticos como ferramentas, não como fins em si mesmos.

Ao passo que os liberais representam os interesses dos ricos e poderosos, os economistas desenvolvimentistas são os que defendem as pretensões da maioria dos despossuídos, que há séculos são responsabilizados pelos ortodoxos como culpados pela própria miséria e exploração que são submetidos.

A tensão atual é mais do que um conflito acadêmico. É um reflexo da contínua batalha pela hegemonia no pensamento econômico, onde diferentes classes lutam para moldar a “verdade” econômica à sua imagem. Essas “verdades” são construções sociais, profundamente sensíveis à correlação de forças existente em cada período.

A economia, ao contrário das ciências exatas, não opera em um vácuo. Está intrinsecamente entrelaçada com as nuances da sociedade e da política. É luta de classes.

A atual agitação, alimentada pela nomeação de Pochmann, é um reflexo desta luta contínua. Assim, a única certeza é que a “verdade” de hoje pode ser questionada e transformada amanhã, conforme a dialética histórica das classes se desenrola.

E aqui nos encontramos, à beira de um novo capítulo na história econômica. Em meio a essa luta, lembramos que a verdadeira natureza do pensamento econômico não reside em fórmulas estáticas, mas na compreensão das forças vivas e conflitantes que o moldam.

A nomeação de Pochmann, para nós, preocupados com as profundas desigualdades sociais, é uma oportunidade de trazer as complexidades e os desafios das lutas de classes para o centro do debate econômico.

Portanto, como Marx nos ensinou, o barulho da luta de classes ressoa até nas batalhas diárias mais sutis, como a nomeação de Pochmann. Este evento aparentemente insignificante se transforma em uma batalha no campo das ideias, uma luta pelo futuro da economia.

Como sempre, a história estará encarregada de julgar quem estava no lado certo do campo de batalha.

Imagem: Reprodução/Internet

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