Petróleo na foz do Amazonas: MPF recomenda rejeição de pedido de revisão da Petrobras ao IBAMA

ClimaInfo

Recomendação reforça conteúdo de documento do órgão ambiental que abordava “inconsistências” no pedido de licença, incluindo premissas que distorcem ou reduzem manifestações anteriores do IBAMA.

O Ministério Público Federal recomendou ao IBAMA que negue o pedido de reconsideração feito pela Petrobras sobre a licença ambiental para perfurar um poço no bloco FZA-M-59, na bacia da Foz do Amazonas, no litoral do Amapá. A instituição ainda informou que adotará “medidas judiciais cabíveis”, caso sua recomendação, assinada pelo procurador da República Pablo Luz de Beltrand, não seja atendida pelo órgão ambiental.

A recomendação do MPF reforça o conteúdo de um documento enviado pelo IBAMA mostrando as  “inconsistências” no pedido de licença da Petrobras. O órgão ambiental apontou “premissas equivocadas apresentadas pela empresa, que distorcem ou reduzem as manifestações do IBAMA em pareceres anteriores”, relata a Folha. Também foi destacada a falta de manifestação da petroleira sobre aspectos “cruciais” para a operação na bacia, disse o MPF.

“Ao afirmar que a atividade está a 560 km da foz do Amazonas, a Petrobras omite que a área do poço permanece sob a influência hidrodinâmica do referido rio, a qual se propaga por centenas de quilômetros”, diz o MPF.

Segundo a Carta Capital, o Ministério Público deu um prazo de dez dias úteis para que o IBAMA informe sobre o acatamento ou não da recomendação. O órgão ambiental deve encaminhar ao MPF os documentos sobre as providências adotadas.

Em maio, o IBAMA indeferiu o pedido de licença ambiental feito pela Petrobras para perfurar um poço de petróleo na foz do Amazonas, alegando que a companhia não atendeu aos requisitos necessários para seguir adiante com as atividades. Dias depois, a petroleira recorreu da decisão, mas o órgão ambiental informou que não havia prazo para uma nova resposta à estatal.

A ala desenvolvimentista do século passado do governo, porém, não se cansa. O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, voltou a defender a perfuração do poço, com as mesmas argumentações vazias de costume. E em entrevista ao Valor, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse que o esforço do governo no licenciamento de obras do Novo PAC (incluindo a perfuração de poços de petróleo na foz) será “evitar extremismos”. Só esqueceu que a decisão do IBAMA é técnica, e que quem tem sido extremista em ir contra a legislação ambiental e de licenciamento é justamente a ala da qual ele faz parte.

Costa ainda errou ao dizer que “a 50 km dali [do local onde a Petrobras quer perfurar um poço, na altura de Oiapoque, no Amapá], depois da divisa do Brasil, tem várias plataformas explorando petróleo”. Contudo, a exploração de petróleo que está acontecendo é na Guiana, a centenas e centenas de quilômetros dali, e não na Guiana Francesa, que é mais próxima, mas onde não se explora ou se produz uma só gota de petróleo.

CNN e Metrópoles também noticiaram a recomendação do MPF ao IBAMA.

Em tempo: Diante da pressão crescente pela exploração de petróleo na foz do Amazonas, em particular, e em toda a Margem Equatorial, que vai do Rio Grande do Norte ao Amapá, o fotógrafo, documentarista e editor, João Farkas, resolveu organizar os registros que durante quase quatro anos fez da região. Assim surgiu o projeto “Costa Norte”, que ganha sua primeira exposição e será editado em livro, informa a Folha. Farkas narra e mostra imagens de expedições à Margem. “É fundamental lembrar que, entre o Oiapoque e o Marajó, está uma das mais ricas áreas pesqueiras do país e também que a costa norte abriga manguezais fundamentais à preservação da riqueza e da diversidade marinha”, ressalta.

Elsa Palito/Greenpeace Brasil

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