Reflexos do abandono: Povo Yanomami têm o menor número de bebês vivos desde 2018

Dos 30 mil indígenas que vivem hoje no território Yanomami, em Roraima, apenas 890 são crianças com menos de um ano de idade.

ClimaInfo

O impacto da crise humanitária que acometeu o Povo Yanomami no último ano está sendo sentido entre os mais jovens. Uma estimativa do Centro de Operação de Emergências (COE), montado pelo governo federal para ajuda emergencial no território Yanomami, indica que o número de bebês em 2023 é o mais baixo desde 2018, com exceção de 2021, durante a pandemia de COVID-19.

De uma população estimada atualmente em 30 mil pessoas, apenas 890 são crianças menores de um ano de idade. No ano passado, esse número era de 1.121 bebês. A redução reflete como as parcelas mais jovens do Povo Yanomami estão sofrendo com a insegurança alimentar e a disseminação de doenças como a malária.

“Os Yanomamis foram abandonados nos últimos sete anos, houve um colapso na saúde indígena com o aumento de invasões no território”, comentou Júnior Hekurari Yanomami, líder indígena e presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena da Terra Yanomami, ao jornal O Globo. “Muitos garimpeiros entraram e contaminaram o solo e água, levaram malária”.

A morte prematura de bebês e crianças é uma preocupação para o futuro do Povo Yanomami. Com a queda na natalidade e as dificuldades para os mais jovens sobreviverem à infância e à adolescência, a população poderá “envelhecer”, reduzindo sua condição de sobrevivência no longo prazo.

O descaso do poder público nos últimos anos atropelou os limites da criminalidade na esfera federal durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. A Folha mostrou o resultado de uma auditoria do Ministério da Saúde, analisada pelo Ministério Público Federal (MPF), sobre a contratação de uma organização social religiosa para cuidar da saúde dos Yanomami em 2019.

A Missão Evangélica Caiuá foi contratada pela União mesmo tendo mais de R$ 3 bilhões em convênios federais com pendências de prestação de contas. A entidade recebeu mais de R$ 182 milhões do governo e não prestou o serviço contratado. Segundo a auditoria, os funcionários da entidade que supostamente deveriam monitorar a execução do convênio eram enfermeiros que nem sequer tinham conhecimento dessa atribuição.

Por falar em omissão criminosa, o g1 noticiou que o empresário Roger Henrique Pimentel, dono da empresa Balme Empreendimentos, se entregou no último domingo (10/9) à Polícia Federal em Roraima. Ele estava foragido desde a semana passada, depois que a Polícia Federal, o MPF e a Controladoria-Geral da União (CGU) deflagraram uma operação de combate à suspeita de fraude em licitação, superfaturamento e corrupção na compra de oxigênio para atender os indígenas Yanomami. O esquema teria desviado mais de R$ 964 mil.

APIB

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