MME quer que Petrobras acelere transição energética, mas estimula produção de combustíveis fósseis na foz do Amazonas

Para Alexandre Silveira, petroleira tem de induzir esforços da transição energética para sinalizar ao mundo o compromisso do Brasil. Mas explorar petróleo na foz continua.

ClimaInfo

A Petrobras e a Vale precisam acelerar seus esforços para promover a transição energética e dar o exemplo. É o que diz o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Segundo ele, as duas maiores empresas extrativistas do país têm de ser indutoras das mudanças na área verde para sinalizar ao mundo o compromisso do próprio Brasil.

A cobrança parece uma tentativa de pintar de verde as duas companhias. Afinal, o mesmo Silveira disse à CNN que a Petrobras precisa investir em novas fronteiras de exploração de petróleo. É mais uma fala do ministro em defesa da exploração de combustíveis fósseis na foz do Amazonas, em particular, e na Margem Equatorial como um todo. Mas, numa espécie de disfarce, Silveira afirma que a petroleira tem de intensificar seu olhar para combustíveis verdes e fontes renováveis.

Silveira foi a Nova York para apresentar o Plano Nacional de Transição Energética Justa e Inclusiva em evento na sede da ONU. E deixou claro que o plano demarca uma mudança paulatina das fontes energéticas do país, e não uma mudança imediata de fontes, informa a Época Negócios. A porta, portanto, ficou escancarada para mais combustíveis fósseis.

O ministro afirmou que o governo quer estimular a indústria nacional no desenvolvimento de tecnologias para produção de hidrogênio verde, de acordo com Poder 360 e InfoMoney. Segundo Silveira, o país tem vários estados aptos para receber esses investimentos e se tornarem hubs de exportação de energia.

“Nós não perderemos (a oportunidade), como perdemos nas placas solares. Agora não, queremos discutir a cadeia de eletrolisador, a cadeia da indústria dentro do Brasil”, detalhou.

Engrossando o coro do presidente Lula, o titular da pasta de Minas e Energia cobrou os países ricos a ajudarem as nações em desenvolvimento a cumprirem as metas de descarbonização, relatam Valor e CNN. “A descarbonização é urgente. E nós temos de tratar essa pauta com prioridade. Qual a verdadeira disposição dos países ricos e desenvolvidos de pagar essa dívida com quem mais foi penalizado ao longo da história?”, questionou Silveira.

É no mínimo curioso que o defensor de explorar petróleo na foz do Amazonas reconheça que a descarbonização é urgente.

Ricardo Botelho / MME

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