Você é responsável pela defesa de todas as infâncias. Por Jessica Santos

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Qual seria a sua reação se uma criança da sua família fosse retirada dos pais apenas por sua religião? Ou se um adolescente próximo a você fosse constrangido por sua sexualidade ou gênero pelo órgão que deveria protegê-lo?

Em 2020, a Ponte contou a história da manicure Kate Ane Belintani, que teve a guarda da filha retirada pela Justiça em razão de um ritual de candomblé. O caso ocorreu em Araçatuba, no interior de São Paulo, onde o Conselho Tutelar local acolheu uma denúncia de maus-tratos e abuso sexual feita pela avó da criança, que é evangélica. Mesmo com a perícia negando qualquer abuso, a mãe teve a guarda retirada em uma decisão vista pela manicure como intolerância religiosa.

Esta semana, nossas colegas do Portal Catarinas denunciaram que canais de Telegram voltados à defesa do homeschooling estão se mobilizando para influenciar a votação em candidatos comprometidos com “valores cristãos”. A reportagem compartilhou um guia de atuação. O documento está com “a assinatura” e o contato do pastor e candidato a deputado estadual de SP, Cláudio Apolinário, que defende que os valores de sua crença sejam impostos a todas as crianças.

Enquanto a extrema direita e os sepulcros caiados ambulantes – este é o nome correto a ser atribuído a esse tipo – querem impor seus valores morais acima da lei, a Ponte se une aos movimentos que defendem que crianças e adolescentes sejam protegidos e tenham seu direito de crescer, se desenvolver e de realizar sonhos.

Conselho Tutelar não é ferramenta de imposição de valores ou de pauta de anti direitos, mas de proteção de direitos, simples assim. É a materialização dentro do Estado do ditado africano “é preciso uma aldeia inteira para educar uma criança”.

É nossa responsabilidade participar da escolha de novos conselheiros tutelares comprometidos com o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e com a Constituição Federal na garantia dos direitos dessa população. Para garantir a proteção de crianças contra as violências praticadas pelo Estado. Para salvaguardar acesso à vida, educação, saúde, cultura e paz desses cidadãos mais vulneráveis. Por isso indicamos em uma reportagem publicada essa semana quais plataformas reúnem perfis de candidatos engajados com o ECA.

Você tem o dever de no próximo domingo (1/10) entre 8h e 17h, deixar o conforto do seu lar e participar dessa escolha tão importante quanto as escolhas que fizemos em outubro do ano passado. Consulte o site de sua prefeitura para saber qual é o seu local de votação, leve seu título de eleitor e faça a diferença na vida de crianças e adolescentes à sua volta. A votação pode ser facultativa, mas nossa responsabilidade não é.

 

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