No campo, mulheres perdem mais por causa da crise climática que homens

FAO lança luz sobre como as mudanças climáticas afetam de forma desproporcional os pobres rurais, idosos e mulheres em países de baixa e média renda.

ClimaInfo

Comunidades rurais em todo o planeta estão lidando com desafios crescentes por causa das mudanças climáticas. Com eventos cada vez mais intensos e frequentes, as condições ambientais se tornam mais adversas e o fardo sobre essas comunidades se intensifica. No entanto, são as mulheres que suportam o impacto mais significativo, incluindo perdas financeiras substanciais.

É o que mostra o relatório “The Unjust Climate: Measuring the impacts of climate change on the rural poor, women and youth”, lançado recentemente pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). O estudo busca quantificar os custos monetários enfrentados por essas mulheres devido a estresse térmico, inundações ou secas. E também mostra como as mudanças climáticas afetam de forma desproporcional os pobres rurais, idosos e mulheres em países de baixa e média renda.

Os lares chefiados por mulheres em áreas rurais perderam cerca de 8% a mais de sua renda devido a ondas de calor do que os lares chefiados por homens, e a redução em sua renda quando ocorreram inundações foi cerca de 3% maior do que a perda dos homens, detalha o Guardian. Considerando todos os países de baixa e média renda, a diferença anual totaliza cerca de US$ 37 bilhões adicionais perdidos pelas mulheres por causa do estresse térmico e US$ 16 bilhões adicionais por alagamentos.

“Considerando as significativas diferenças existentes na produtividade agrícola e nos salários entre mulheres e homens, o estudo sugere que, se não forem abordadas, as mudanças climáticas aumentarão consideravelmente essas lacunas nos próximos anos”, destaca o relatório.

O estudo observou que poucos planos governamentais para lidar com as mudanças climáticas e promover estratégias de adaptação levam em consideração as vulnerabilidades específicas das mulheres e jovens rurais. Apenas 6% das mais de 4.000 propostas contidas nos planos nacionais de adaptação climática dos países pesquisados mencionaram as mulheres, destaca a AP.

Em muitos países pobres, as mulheres são discriminadas na sua capacidade de ter direitos à terra ou de tomar decisões sobre o seu trabalho, informa o documento. Quando tentam diversificar as suas fontes de rendimento por causa das mudanças climáticas que reduzem a produtividade agrícola e pecuária, também enfrentam discriminação no acesso à informação, ao financiamento e à tecnologia, informa o Washington Post.

ABC, ReliefWeb e O Povo também repercutiram o estudo.

Foto: Leandro Taques/MST-PR

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