Os agentes da Força Nacional de Segurança Pública apoiarão as ações do governo federal para fiscalizar e expulsar garimpeiros invasores do território Yanomami, em Roraima.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública autorizou na última 2ª feira (25/3) o uso da Força Nacional de Segurança Pública para a execução do Plano de Desintrusão e de Enfrentamento da Crise Humanitária na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. Por 180 dias, os agentes apoiarão as ações do governo federal para a retirada de garimpeiros invasores do território, além de ajudar na distribuição de medicamentos e cestas básicas às comunidades indígenas.
De acordo com a portaria assinada pelo ministro Ricardo Lewandowski e publicada no Diário Oficial da União (DOU), os agentes da Força Nacional também darão suporte às ações de combate às queimadas e a outros crimes ambientais na região. Os esforços estão sendo coordenados pela Casa de Governo, criada em fevereiro passado para articular a resposta do governo federal à crise humanitária na Terra Yanomami.
O uso da Força Nacional também marca a nova fase do trabalho do governo federal no combate ao garimpo ilegal no território Yanomami. Mesmo com as ações empreendidas ao longo do ano passado, a atividade criminosa segue intensa na região, o que deixa os indígenas vulneráveis a ataques de garimpeiros e prejudica o enfrentamento da crise humanitária.
Em grande parte, o enfraquecimento dos esforços da União na Terra Yanomami se deveu à omissão das Forças Armadas, que se afastaram das ações de fiscalização ambiental no último semestre, mesmo com o retorno dos garimpeiros. Depois de cobranças do próprio presidente Lula, o Ministério da Defesa prometeu rearticular os militares às ações do governo.
Enquanto isso, a 10ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) libertou no começo da semana o servidor Harrison Moraes, detido no mês passado durante uma operação da Polícia Federal que mirou desvios de medicamentos que deveriam ser destinados aos Yanomami. Durante a operação, os agentes da PF encontraram cerca de 50 caixas de remédios endereçadas às comunidades Yanomami descartadas em sacos de lixo e caixas. A notícia é do portal Metrópoles.
CartaCapital, Folha de Boa Vista e Valor repercutiram o uso da Força Nacional na fiscalização e proteção da Terra Yanomami.
Em tempo: Além da crise humanitária, as comunidades Yanomami em Roraima também vêm sofrendo com uma seca nos últimos meses. Mesmo em períodos mais secos, por se tratar de uma região úmida, o território Yanomami registra historicamente precipitação média de 200 milímetros. No entanto, a redução no volume de chuvas foi muito mais intensa neste começo de ano, o que resultou no ressecamento de igarapés e rios dentro da reserva. “Não tem uma gota de água. O rio Mucajaí está inviável para o consumo. Está completamente amarelo ainda do garimpo”, lamentou a enfermeira Clara Opoxina, citada pela Amazônia Real.
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Bruno Kelly/HAY
