“Guardião da Floresta” foi morto em 17 de abril de 2020 em Rondônia e seu corpo tinha sinais de lesão contundente na região do pescoço.
Quatro anos após o crime, o Tribunal do Júri de Rondônia condenou o comerciante João Carlos da Silva, conhecido como Guiga, pelo assassinato do professor e líder indígena Ari Uru-Eu-Wau-Wau. Ele foi condenado a 18 anos de prisão por homicídio duplamente qualificado, em regime fechado. O julgamento ocorreu na 2ª feira (15/4) em Jaru (RO). O réu ainda pode recorrer.
Ari morava na aldeia 621 Jaikara, na Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau, e era conhecido por integrar a equipe de vigilantes Guardiões da Floresta, que protege a TI e combate invasões de madeireiros e grileiros, lembra a Amazônia Real. Ele foi morto na noite de 17 de abril de 2020 em um distrito de Jaru, e seu corpo foi encontrado na manhã seguinte com sinais de lesão contundente na região do pescoço, o que ocasionou uma hemorragia aguda, detalha o g1.
A denúncia oferecida pelo Ministério Público de Rondônia afirma que Ari passou no bar de João Carlos, que lhe ofereceu bebida até que ele ficasse inconsciente e depois o assassinou. Diz ainda que João Carlos arrastou o corpo de Ari, possivelmente em uma moto com “carretinha”, e levou o veículo para outro local para atrapalhar a investigação. Ele deixou o corpo de Ari de um lado e a motocicleta de outro.
O comerciante negou a autoria do crime e alegou que considerava Ari um amigo. No entanto, o promotor Roosevelt Queiroz Costa Júnior exibiu trechos de gravações telefônicas de familiares do réu, obtidas por meio de quebra de sigilo telemático, como provas de sua culpa no crime.
O caso chegou a ser tratado em âmbito federal, quando indícios apontaram que o assassinato do líder indígena tinha relação com crimes ambientais denunciados por ele. No entanto, o relatório final da Polícia Federal descartou a possibilidade e apontou que João teria cometido o crime “pelo simples fato de não gostar do Ari”.
A ameaça de grileiros e madeireiros ao território Uru-Eu-Wau-Wau é constante. Em março, o deputado federal Lúcio Mosquini (MDB-RO), da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), disse a produtores rurais ter articulado com o governo federal a “remarcação” dos limites físicos da TI. E 50 invasores foram retirados do território no fim de janeiro, com o líder das invasões sendo preso por contrabando de produtos veterinários.
Folha, Brasil 247 e Rondônia Agora também noticiaram o julgamento.
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Divulgação/Mídia Ninja