Mais de 75% do garimpo na Amazônia está a menos de 500 metros de corpos d’água

Novo levantamento do MapBiomas mostra a proximidade entre áreas de garimpo e cursos d’água, como rios, lagos e igarapés, com risco de contaminação por mercúrio.

ClimaInfo

Garimpo e água convivem lado a lado na Amazônia. Dados divulgados na última 6ª feira (19/4) pelo MapBiomas indicam que 77% das áreas de garimpo na região amazônica estão a menos de 500 metros de algum corpo d’água. Dos 241 mil hectares garimpados na Amazônia brasileira (que, sozinhos, representam 92% de todo o garimpo no país), 186 mil hectares ficam a menos de meio quilômetro de algum curso d’água.

De acordo com o MapBiomas, 10% da área garimpada na Amazônia (25,1 mil hectares) estão dentro de Terras Indígenas, onde a atividade é ilegal. Os territórios mais afetados são as TI Kayapó, Munduruku e Yanomami. Como em outras áreas garimpadas na Amazônia, a maior parte desses pontos de retirada ilegal de metal também está localizada nas proximidades de corpos d’água, muitos utilizados por comunidades indígenas para pesca e abastecimento.

Na Terra Kayapó, a área garimpada compreende 13,79 mil ha, dos quais 9,6 mil (70%) ficam a menos de 500 metros de corpos d’água. Já na Terra Munduruku, o garimpo ocupa 5,46 mil ha, com 2,16 mil ha (39%) próximos de água. Por fim, a Terra Yanomami, que vive uma grave crise humanitária causada pelo garimpo ilegal, conta com 3,27 mil ha de terreno garimpado, dos quais 2,1 mil estão a, no máximo, meio quilômetro de distância de cursos d’água.

O levantamento do MapBiomas também identificou 201 pistas de pouso em Terras Indígenas amazônicas, o que também indica a forte presença do garimpo nessas áreas. A TI Yanomami concentra a maior parte (75), seguida por Raposa Serra do Sol (58), Kayapó (26), Munduruku (26) e Parque do Xingu (21).

Essas pistas também estão próximas aos pontos de garimpo nas Terras Indígenas. No caso da TI Yanomami, um terço das pistas (28) estão a menos de 5 km de alguma área de garimpo. A proporção é parecida na TI Kayapó, onde 34% (9) das pistas se localizam nas proximidades do garimpo. Já na TI Munduruku, 80% das pistas (17) se encontram na mesma condição.

“As Terras Indígenas são as áreas mais preservadas da Amazônia. Ainda assim, no seu interior, a concentração de garimpos próximos a cursos d’água é extremamente preocupante, uma vez que populações indígenas e ribeirinhas usam quase que exclusivamente dos rios e lagos para sua subsistência alimentar”, observou Cesar Diniz, coordenador técnico do mapeamento de mineração no MapBiomas. “A contaminação dos rios e lagos representa para ribeirinhos e indígenas a fome, a sede e graves riscos à saúde”.

Agência BrasilBrasil de Fatog1((o)) ecoPará Terra BoaPoder360 e VEJA, entre outros, repercutiram os dados do MapBiomas.

Em tempo: A Folha informou que a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) entrou com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) por conta do aumento dos casos de contaminação por mercúrio entre indígenas na Terra Munduruku. O grupo pede que o STF determine, com urgência, ações para conter a atividade garimpeira no território e que o Ministério da Saúde crie uma política nacional para pessoas afetadas pelo mercúrio.

MapBiomas

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