Sem Terra se mobilizaram em 18 estados e DF pautando a integração da luta pela Reforma Agrária entrelaçada às ações de enfrentamento à crise ambiental no país
Por Lays Furtado
Da Página do MST
Enquanto resposta ao avanço da crise climática, apontando saídas populares e denunciando os verdadeiros culpados pelas catástrofes ambientais, o MST realizou entre os dias 1º e 8 de junho a Jornada Nacional em Defesa da Natureza e seus Povos, pautando a integração da luta pela Reforma Agrária Popular entrelaçada às ações de enfrentamento à crise ambiental; em ação conjunta à 15ª Jornada Nacional da Juventude Sem Terra.
As ações do Movimento marcam o Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado no dia 5 de junho. Uma data importante diante da conjuntura em que a crise ambiental tem se intensificado no país, e, sobretudo, expondo também as desigualdades em que as periferias urbanas e rurais têm sofrido, afetados pelos extremos climáticos causados pelas contradições humanas e ambientais. Ao todo, as famílias e juventude Sem Terra se mobilizaram em 18 estados mais o Distrito Federal.
As Jornadas integram estratégias de ação do Plano Nacional “Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis”, do MST, e busca intensificar a recuperação ambiental e a produção de alimentos saudáveis, com a meta de plantar 100 milhões de árvores até 2030. As atividades se organizam de maneira intersetorial, envolvendo o Setor de Educação e o Coletivo Nacional da Juventude, com a realização de atividades pedagógicas nas escolas, acampamentos, assentamentos, entre outros espaços de luta.
“A Jornada para nós foi muito importante no sentido de como a gente, diante também dos acontecimentos recentes no Rio Grande do Sul, vem apontando que a nossa solidariedade, ela se faz em luta. E que a gente possa denunciar cada vez mais e enfrentar quem são de fato, os verdadeiros causadores e responsáveis pela crise ambiental que a gente tem vivido.” – conta Bárbara Loureiro, da coordenação nacional do Plano Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis”.
De maneira mais geral, a Jornada se concentra na ampliação do plantio de árvores nos territórios do MST, na denúncia ao capital e ao agronegócio como responsáveis pelo acirramento da crise ambiental, na construção de ações de agitação e propaganda, atividades de formação como seminários, rodas de conversa, assembleias e na realização de eventos culturais na ampliação do diálogo com a sociedade. E que também teve iniciativas organizadas pela Juventude Sem Terra.
Renata Menezes, da direção nacional do Coletivo de Juventude Sem Terra, conta que: “A Jornada teve o objetivo de voltar os olhos da sociedade ao tema da questão ambiental, a partir do olhar dos povos e movimentos sociais que estão no campo. Isso porque o Dia do Meio Ambiente é uma data disputada pelo capitalismo verde. E nós acreditamos que ela tem que ter uma demarcação enquanto luta popular.”
Inimigos do clima
“Como é que a gente aponta a responsabilidade do agronegócio, da mineração, da bancada ruralista no Congresso, que têm cada vez mais apontado e avançado na construção de um pacote da destruição, da destruição ambiental, da destruição dos territórios camponeses, indígenas, quilombolas”, questiona Bárbara, temas que são desafios atuais da conjuntura.
Na concepção e atividades apresentada pelo conjunto da militância ao longo da Jornada, foi ressaltado o processo de ressignificação do papel também do Movimento Sem Terra e da Reforma Agrária Popular enquanto soluções de diversos aspectos da crise ambiental. Em uma luta, em que hoje se debate as reflexões e práticas da atualização do próprio Programa Agrário do Movimento, onde cada vez mais, a defesa dos povos que vivem em relação de equilíbrio com a natureza também sejam cuidados e protegidos. Pois são atores essenciais na proteção e sustentabilidade do meio ambiente e da vida.
“A data, 5 de junho, enquanto Dia do Meio Ambiente, também é uma data que precisamos dar conteúdo político para ela, numa perspectiva da questão ambiental popular, com um debate da questão ambiental que esteja voltado para resolver os problemas concretos do nosso povo. Por isso, temos feito essa construção é uma ação que cada vez mais será definidora e permanente no próximo período, também na luta de classes”, destaca Loureiro.
Neste sentido, a coordenadora menciona que já existem respostas concretas e não apenas propostas alternativas enquanto soluções e caminhos possíveis. “Nós entendemos que é só com a reforma agrária popular, com a defesa dos territórios indígenas, quilombolas e dos povos camponeses que nós temos condição de superar, enfrentar essa crise ambiental”.
Além da garantia da vida dos povos, de seus territórios e a proteção da natureza, também faz parte das soluções emergenciais, a partir da perspectiva popular, a massificação da agroecologia como modelo produtivo agrícola, a produção de alimentos saudáveis, o cuidado com os bens comuns da natureza, o plantio de árvores, a semeadura das sementes, e promover uma educação ambiental contra o negacionismo científico envolvendo todos os atores da sociedade.
“Por tanto, cada vez mais é importante construírmos e apontarmos a luta ambiental também relacionada com outras lutas que atingem a classe trabalhadora na cidade. Então, as lutas feministas, as lutas contra o racismo ambiental, numa perspectiva de que a luta ambiental aponte também e só pode ser construída também como forma de enfrentamento ao sistema capitalista, que é de fato, quem tem avançado na expropriação e no extrativismo cada vez maior dos bens comuns da natureza.” – conclui Barbara.
Mobilização Nacional
As Jornadas da Natureza e Juventude mobilizaram milhares de famílias em todas as grandes regiões do país. E isso aconteceu a partir de diversas atividades que ocorreram ao longo desta última semana, atividades organizadas pelo MST, entre outros movimentos populares, fizeram com o plantio de bosques, de mudas, com atividades de formação e educação nas escolas e nas universidades, entre outras atividades de protesto e lutas.
Confira a seguir, as ações que ocorreram ao longo das Jornadas:
CENTRO-OESTE
Mato-Grosso
No Dia Mundial do Meio Ambiente, a Juventude do MST realizou protesto em frente ao escritório do fazendeiro criminoso Claudecy Oliveira Lemes, em Rondonópolis, no estado de Mato Grosso. A ação faz parte da Jornada Nacional em Defesa da Natureza e dos seus Povos e integra a 15ª Jornada Nacional da Juventude Sem Terra, e teve como objetivo denunciar os impactos do agronegócio e do uso de agrotóxicos proibidos mundialmente para desmatar o Pantanal.
Com uma faixa escrita “escritório do desmatamento” e o desenho de um avião pulverizando veneno pendurados nas grades da empresa, os jovens denunciam os crimes ambientais cometidos por Claudecy Oliveira Lemes. A Juventude Sem Terra também deixou tinta vermelha, carvão e embalagens de agrotóxicos na calçada, para representar o desmatamento promovido pelo fazendeiro em 81,1 mil hectares no Pantanal mato-grossense.
Houve também ao longo da semana, a realização da Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA) nas universidades do estado, unindo representantes do movimento e pesquisadores para debater soluções em conjunto sobre o tema do meio ambiente.
Mato Grosso do Sul
Ao longo da semana do Meio Ambiente, as famílias e juventude Sem Terra realizaram mutirões de plantio de mudas nativas da região, em atividades onde foram debatido o tema da questão ambiental nas escolas do campo da região.
Brasília e entorno
Os acampamentos Ana Primavesi, em Brazlândia, e 8 de Março, em Planaltina, foram palco de atividades de plantio promovidas pelas comunidades. Em Planaltina, área marcada pela disputa direto com a grilagem de terra e o agronegócio que usa de forma intensiva agrotóxicos na região, a ação possibilitou o diálogo sobre o papel da Reforma Agrária na preservação do território.
Goiás
Durante a Jornada, a Juventude Sem Terra do Goiás plantou árvores e debateu sobre a urgência da agroecologia. Houve ações de denúncia contra o agronegócio e atividades nos territórios de conscientização para a preservação da natureza. Como forma de protesto e em defesa ao meio ambiente e de seus povos, as família e Juventude do Acampamento Leonir Orback, localizado na cidade de Santa Helena de Goiás/GO, realizaram o plantio de várias árvores nativas. As denúncias visam o agronegócio na região, devido a pulverização de agrotóxicos feita por aviões e máquinas agrícolas ao redor, que por muitas vezes causa intoxicação e dermatite na população local. Além disso, foi denunciado o desmatamento causado por ruralistas.
AMAZÔNICA
Tocantins
Movimentos sociais, denominado Coalizão Vozes do Tocantins, do qual faz parte o MST, realizaram audiência pública sobre regularização fundiária, na última quinta-feira (6). O objetivo foi discutir políticas essenciais para a proteção dos territórios e a preservação das culturas das comunidades indígenas e tradicionais.
A audiência ocorreu no auditório do Ministério Público do Estado do Tocantins (MPE-TO), coordenada por representantes do MPF, MPE e da Defensoria Pública do Tocantins, e contou com a participação de diversos movimentos sociais, além de representantes de órgãos públicos da união e do estado responsáveis pela regularização fundiária no Tocantins.
Pará
No estado, ao longo da semana, ocorreram diversas atividades da Jornada, com o plantio de árvores e cultivo de horta, troca de sementes e mutirão no viveiro no Projeto de Assentamento 26 de abril e escola Carlos Marighella.
Houve também mutirão no viveiro e seminário sobre o tema do Meio Ambiente na escola Carlito Maia, em Eldorado do Carajás. Na região norte e nordeste paraense, conhecida como região Cabana pelo movimento, houve coleta de sementes, limpeza nos viveiros e manejo dos Sistemas Agroflorestais (SAFs).
Já no Instituto de Agroecologia Latino Americano (IALA) Amazônico, localizado no Assentamentos Palmares 2, no município de Parauapebas, houve plantio de cacau e manejo ambiental entorno da nascente, aliado ao Seminário Mineração e Agroecologia com o Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM).
Também em Parauapebas, educadores da escola do Acampamento Terra e Liberdade, localizada no Acampamento Terra e Liberdade, realizaram atividade pedagógica apontando a necessidade de preservar o Meio Ambiente, em contraponto ao projeto de devastação do Agro-Hidro-Minério Negócio, compreendendo a importância de construir novas formas de relacionamento entre seres humanos e a natureza.
Roraima
As famílias Sem Terra em Roraima realizaram diversas mobilizações ao longo da Semana do Meio Ambiente. No dia 5 de junho, ocorreu um ato com os amigos e parceiros do MST no Ponto de Cultura Ulisses Manaças, em Boa Vista. na capital do estado, também houve a implantação de uma roça e horta comunitária no Instituto Federal de Roraima, além do embelezamento de uma horta comunitária na comunidade católica de São Raimundo Nonato. Em outras regiões interioranas do estado, ocorreu mutirões de plantio de mudas nos assentamentos e acampamentos da Reforma Agrária Popular.
Maranhão
No Dia do Meio Ambiente, militantes do MST estiveram presentes no Parque do Bom Menino, em São Luís, plantando mudas frutíferas amazônicas como parte da programação da Jornada Nacional em Defesa da Natureza e seus Povos. O Promotor da 2° Promotoria de Meio Ambiente, Dr. Cláudio Alencar esteve presente em ação junto aos estudantes do Colégio Alberto Pinheiro para falar sobre a importância da natureza e preservação ambiental.
Na tarde da quinta-feira (6), a juventude da regional Tocantina e Açailândia do Estado do Maranhão esteve presente no Instituto Federal do Maranhão (IFMA), participaram da Semana Interdisciplinar do Meio Ambiente e Química, um evento que promove a conscientização sobre a preservação ambiental e o estudo das ciências químicas.
Também aconteceu na tarde da quinta-feira (6), uma roda de conversa sobre ecofeminismo no auditório do Instituto Federal de Maranhão (IFMA), campus Imperatriz. O evento contou com Maria Gavião, indigenista, Profª. Dra. Rutileia Lima Almeida, especialista em desenvolvimento regional, e Letícia Viana, agrônoma e do setor de produção do MST. Foram discutidos temas como a intersecção entre feminismo e ecologia, a sabedoria indígena na preservação ambiental, e práticas sustentáveis da agroecologia.
SUL
Paraná
No estado do Paraná, as famílias e juventude Sem Terra organizaram a “2ª Jornada da Natureza – Semeando vida para enfrentar a crise ambiental”, onde houve ações de plantio massivas para o reflorestamento de áreas de reserva legal da Mata Atlântica, com a semeadura aérea de semente juçara e araucária. As ações marcaram o Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho, realizada pelo MST, e em parceria com a PRF, Ibama, universidades e órgãos do executivo estadual e federal.
Com isso, ao longo da última semana, ocorreu a semeadura aérea de 12 toneladas de sementes da palmeira juçara e 3,3 toneladas de araucária, espécies ameaçadas de extinção no bioma. Um helicóptero da Polícia Rodoviária Federal (PRF) foi utilizado para a semeadura, que ocorreu no assentamento Nova Geração, em Guarapuava, região centro-sul do Paraná. Além disso, também foi feito o plantio de mais de 17 mil mudas de árvores, com a criação e ampliação de Sistemas Agroflorestais (SAFs).
A partir da iniciativa do plantio aéreo da semente da araucária, será possível a realização do estudo sobre a eficácia desse tipo de plantio. Neste ano, além de várias comunidades da reforma agrária de Quedas do Iguaçu, a ação se expandiu para a Terra indígena Rio das Cobras, em Nova Laranjeiras, e as comunidades do MST Nova Geração, de Guarapuava, Nova Aliança, de Pinhão, José Lutzenberger, de Antonina, e Contestado, da Lapa.
Rio Grande do Sul
O MST em conjunto com outros movimentos populares, centrais sindicais, partidos e organizações da sociedade civil promoveram, na última sexta-feira (7), um ato público em frente ao Palácio Piratini, sede do governo gaúcho em Porto Alegre, para lembrar que “a catástrofe que ocorreu no Rio Grande do Sul é político-ambiental”.
Ao final do ato, foram distribuídas mudas como parte da campanha do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), iniciada em 2020, de plantar 100 milhões de árvores. Vinte e cinco milhões já foram plantadas. A organização do ato denunciou a tragédia no Rio Grande do Sul, que deixou 172 mortos, como uma crise anunciada, tendo em vista os alertas feitos pela ciência há mais de 30 anos por meio do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), das Nações Unidas. O último boletim da Defesa Civil aponta 476 municípios afetados, 35 mil pessoas em abrigos, mais de 575 mil desalojados e 2,3 milhões de atingidos.
Na última quarta-feira (5), Dia Mundial do Meio Ambiente, a superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) celebrou a oficialização da primeira Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) em um lote da Reforma Agrária no Rio Grande do Sul. A portaria criando a unidade de conservação foi publicada no Diário Oficial da União (DOU).
Segundo o Incra, a nova reserva pertence ao casal Azilda Ristow e Olímpio Wodzik, que chegou ao local em 1988 e ficou alojado na sede da antiga fazenda. Com 6,95 hectares, o perímetro localizado no assentamento Itapuí/Meridional, em Nova Santa Rita, compõe um sistema familiar ancorado na agricultura regenerativa e na educação ambiental.
“Era tudo campo limpo”, recorda Wodzik. Ao invés de adotar insumos comerciais, eles acolheram a biodiversidade em seu cotidiano e estimularam a mata como aliada agrícola. Assim surgiram as bases para projetos ambientais e para a RPPN batizada como Sonho Camponês.
Santa Catarina
No dia 5 de junho, quarta-feira, houve ação conjunta do Instituto Federal Catarinense (IFC) em conjunto com escolas dos assentamentos do MST, que reuniram a comunidade escolar e estudantes para o plantio de árvores e coleta de lixo nas beiras de riachos.
NORDESTE
Alagoas
Na manhã desta última quarta-feira (5), Jovens do MST e famílias atingidas pela mineração realizaram um protesto em frente à prefeitura de Maceió, em denúncia a omissão da gestão no caso Braskem. Com sururu nas paredes, peixes no chão e palavras de ordem denunciando o maior crime ambiental urbano do mundo.
Em protesto, com cartazes e falas denunciaram a extração irresponsável da sal-gema do solo que, anos depois, afundou 5 bairros de Maceió, sendo eles Pinheiro; Mutange; Bebedouro; Bom Parto e Farol, chegando a atingir, atualmente, cerca de 60 mil pessoas e mais de 14 mil imóveis, tornando essa região uma área fantasma, que lembra cenário de guerra.
O protesto na frente da prefeitura também aponta a necessidade da prefeitura de Maceió, sob o comando do prefeito João Henrique Caldas (PL), conhecido como JHC, se responsabilize pelas vidas atingidas. As famílias atingidas denunciam o acordo milionário da Braskem com a prefeitura que gerou uma indenização de R$1,5 bilhão, recebido em julho de 2023, e sua pouca transparência na aplicação do recurso com as necessidades da população afetada direta e indiretamente pelo caso.
Também no Dia do Meio Ambiente, a superintendência regional do Incra de Alagoas (SR22-AL), no centro de Maceió, voltou a ser ocupada por agricultores e agricultoras familiares Sem Terra. Mais uma vez, manifestantes defenderam a Reforma Agrária e se posicionaram contra o desmonte do órgão estratégico para promover o conjunto de medidas de distribuição de terras e aumento da produtividade de alimentos sadios.
Cerca de 300 camponeses participam da manifestação realizada conjuntamente pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), pela Frente Nacional de Luta (FNL) e pelo Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST), denunciando que o órgão continua sob domínio de grupos políticos contrários à Reforma Agrária. E, por isso, as demandas referentes à essa pessoa permanecem paralisadas.
A avaliação é que a substituição de César Lira, primo do presidente da Câmara Federal, Arthur Lira, por Júnior Rodrigues, indicado pelo mesmo parlamentar, significa manter o bolsonarismo no comando e isso impede as famílias agricultoras de avançar com relação aos direitos dos povos do campo, bem impede a proteção de seus territórios e bens naturais.
Na capital de Alagoas, rimadores realizaram batalha do conhecimento no dia do meio ambiente, 5 de junho. A ação foi organizada pelo Coletivo Batalha Marginal de Alagoas ocorreu em Maceió, no Posto 7, bairro da Jatiúca, em realização feita em parceria com o MST integrando a Jornada em Defesa da Natureza e seus Povos. A Batalha Marginal de freestyle teve edição especial de disputas de rimas improvisadas em defesa da natureza e contra os verdadeiros inimigos do clima.
No Acampamento Che Guevara, em União dos Palmares, durante a mística do Dia Mundial do Meio Ambiente, as famílias acampadas realizaram o plantio de mudas nativas e frutíferas. Foram mais de 50 mudas plantadas nas redondezas da barragem que passa nas proximidades do acampamento, como forma de denunciar a destruição do meio ambiente causada pelo agronegócio.
Já na região do agreste alagoano, os acampamentos da região também organizaram e realizaram um grande plantio de mudas, com plantas medicinais, frutíferas, nativas e cercas vivas nos viveiros, totalizando cerca de 200 mudas nos acampamentos Luciana Alves, em Teotônio Vilela, Eldorado do Carajás, em Junqueiro, e Marciana Serafim, em Junqueiro.
Também no marco da data do Mundial do Meio Ambiente, as famílias assentadas no sertão de Alagoas, em parceria com a secretaria do meio ambiente, realizaram o plantio de mudas nativas no município de Piranhas, denunciando o capitalismo como o principal causador dos desastres ambientais.
Ceará
Na última quarta-feira (5), o MST e MAM realizaram ação conjunta na cidade de Santa Quitéria, com a participação de cerca de 100 militantes e assentados/as da Reforma Agrária da região. Inicialmente, foi feita a limpeza do Rio Jacuru e um plantio de plantas nativas e frutíferas.
Em seguida, em uma caminhada pelo centro da cidade, dialogaram com a população no mercado municipal, distribuindo mudas de espécies nativas e frutíferas, com o objetivo de incentivar práticas na produção de alimentos e também de reflorestamento, buscando defender a natureza e os bens comuns.
Posteriormente, a Juventude Sem Terra fez um protesto em frente à sede do Consórcio Santa Quitéria, denunciando os impactos socioambientais causados pelas atividades de mineração na região e os possíveis problemas que a exploração da mina de Itataia pode ocasionar à população local, além de denunciar os crimes do agro-hidro-minério-negócio em todo o país.
Bahia
Também no Dia Mundial do Meio Ambiente, a Brigada Nelson Mandela continuou com as atividades de reflorestamento, plantando 56 mudas na Área de Preservação Permanente (APP) para recuperação da represa do pré-assentamento Bela Manhã, no município de Teixeira de Freitas, no extremo sul baiano.
A ação teve como objetivo restaurar a vegetação nativa, proteger os recursos hídricos e contribuir para a biodiversidade da região. O plantio de mudas não apenas ajuda a combater a erosão do solo e a manter a qualidade da água, mas também proporciona um habitat para diversas espécies de fauna e flora, fortalecendo o equilíbrio ecológico.
Além disso, a recuperação da represa do pré-assentamento Bela Manhã é crucial para garantir a sustentabilidade dos recursos hídricos, essenciais para a agricultura e o abastecimento da comunidade local. A conservação das APPs é fundamental para a manutenção dos serviços ambientais, como a regulação do clima, a purificação do ar e a conservação da biodiversidade.
Em outra atividade da Jornada, a Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Brunetto, localizada no assentamento Jaci Rocha, município de Prado, através da Equipe Técnica do Projeto de Restauração, realizou a coleta de sementes nativas para a produção de mudas no viveiro da Escola. Até o momento, já foram coletados mais de 100 kg de sementes, contribuindo para a recuperação dos ecossistemas degradados e promovendo a conscientização ambiental, bem como a formação agroecológica.
Em continuidade às atividades do Dia Mundial do Meio Ambiente, os educandos, educandas e educadoras da Escola Paulo Freire, do Assentamento Luiz Inácio Lula da Silva, localizado em Santa Cruz Cabrália, deram continuidade à ação de doação de mudas na BR 367 e realizaram o plantio no Bosque Paulo Freire.
A iniciativa da Escola Paulo Freire, que integra a doação de mudas e o plantio de árvores, faz parte do Plano Nacional de Plantar Árvores e Produzir Alimentos Saudáveis. Esse plano visa não apenas aumentar a cobertura vegetal, mas também incentivar a produção de alimentos orgânicos e a educação ambiental. Ao envolver toda a comunidade escolar, a ação reforça a importância de cada indivíduo no processo de transformação ambiental.
Ainda no Dia do Meio Ambiente, ocorreu a Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA), na Universidade do Estado da Bahia (UNESB), em Salvador, em conjunto com representantes do MST e pesquisadores do tema ambiental.
Ocorreu ao longo da semana, também oficinas, plantio, inauguração de viveiros e manejo sustentável de bosques e áreas de nascente em diversas escolas do campo, áreas de assentamento e acampamentos, nas cidades de Ituberá, Wenceslau Guimarães e Camamu.
Ao longo da semana do Meio Ambiente, houve também uma plenária com estudantes do ensino médio para debater os temas da juventude e questão ambiental, que ocorreu em conjunto com atividades culturais no Armazém do Campo do Maranhão, na capital. A Juventude Sem Terra também se empenhou na coleta de assinaturas da Lei popular contra a pulverização aérea. Além disso, também houve plantio de mudas que se tornarão árvores em torno das nascentes do Assentamento Rural Cristina Alves, em Itapecuru Mirim.
Pernambuco
Em celebração ao Dia do Meio Ambiente, estudantes da turma Josué de Castro se reuniram no Assentamento Normandia, em Caruaru, agreste pernambucano, e realizaram o plantio de mudas de oliveiras, uma árvore cheia de simbolismo e importância.
O dirigente estadual do movimento no estado, Jaime Amorim, contou que para o povo palestino, as oliveiras representam não apenas uma base fundamental para o trabalho e a alimentação, mas também um símbolo de resistência e conexão com a terra. Ao plantar essas árvores, estiveram não apenas fortalecendo o compromisso com a sustentabilidade e a proteção do meio ambiente, mas também honrando e reconhecendo a luta e a cultura do povo palestino.
Rio Grande do Norte
Na última sexta-feira (7), a turma de Geografia da Terra – IFRN/PRONERA, realizou o plantio de diversas mudas frutíferas no Centro de Formação Patativa do Assaré, no município de Ceará-Mirim, no Rio Grande do Norte. A ação integrou as atividades da Jornada Nacional em Defesa da Natureza e Seus Povos, que aponta a necessidade de proteger e preservar o meio ambiente.
SUDESTE
Minas Gerais
No marco do dia 5 de junho, Dia do Meio Ambiente, o Armazém do Campo do MST da capital mineira, recebeu as associações de catadoras e catadores da região metropolitana para debater a construção de cidades sustentáveis e a organização para o trabalho digno, enquanto combate às mudanças climáticas.
Entre as participantes, estavam militantes do MST, mulheres ligadas ao Movimento Nacional dos Catadores Recicláveis (MNCR), e de diversas associações, cooperativas e redes, como a Unicatadores, Redesol e Rede Cataunidos.
Além da discussão política, a atividade também contou com um almoço coletivo a partir da Cozinha Solidária Cidona. A ação faz parte das atividades do Mãos Solidárias, que conecta as ações do MST aos trabalhadores da cidade. As cozinhas são articuladas a nível nacional, com objetivo de levar alimentação saudável para o povo brasileiro através do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
No sábado do dia 1 de junho, o MST na região da Zona da Mata mineira realizou um grande mutirão de limpeza e plantio de áreas de produção em novo acampamento. A atividade contou com companheiros de diferentes assentamentos, parceiros e amigos numa ação de solidariedade, onde foi limpo mais de um hectare de terra com o intuito de implantar hortas para doação de alimentos às famílias que se encontram em situação de vulnerabilidade social em Juiz de Fora.
Na segunda-feira do dia 3 de junho, o Núcleo de Compostagem Agroecológica e Manejo de Produtos Orgânicos (Nucampo), participou do intercâmbio agroecológico no lote de Luiza Margarida e Sebastião Antonele, assentados da Reforma Agrária, e moradores do assentamento Denis Gonçalves, Goianá (MG).
O encontro propiciou momentos de trocas de experiências, aprendizados e reafirmou o compromisso dos participantes em seguirem construindo um novo modelo de produção agrícola, em que a produção de bioinsumos, pautado na agroecologia, seja uma alternativa contra o uso de agrotóxicos.
Durante a atividade, os alunos da Escola Estadual Carlos Henrique Ribeiro dos Santos, que compõem o coletivo, junto ao corpo docente da mesma, realizaram a doação de mudas de árvores nativas e frutíferas, produzidas pelos estudantes, além da doação de Microrganismos eficientes (EM), que auxiliam no aumento da produtividade agrícola, atuam na germinação, florescimento, frutificação e ativação do amadurecimento.
São Paulo
Na manhã da quarta-feira, 5 de junho, a Juventude Sem Terra realizou um protesto em frente ao diretório do Partido Liberal (PL), em São Paulo, capital. O ato teve o objetivo de denunciar a atuação do partido e de outras siglas da direita na aprovação do “Pacote da Destruição”, conjunto de leis que buscam flexibilizar a legislação ambiental.
Fazem parte deste “Pacote da Destruição” 25 projetos de Lei e 3 propostas de emenda à Constituição que atingem diretamente temas sensíveis ligados ao meio ambiente, como licenciamento ambiental, grilagem de terra, direitos dos povos tradicionais, recursos hídricos e mineração.
Este Pacote é articulado, principalmente, por segmentos reacionários do Congresso Nacional, em especial, a bancada ruralista, além de filiados a partidos conservadores, como é o caso do PL, que ainda mantém em sua agenda uma atuação em função da destruição ambiental.
O Armazém do Campo da capital paulista, realizou na terça-feira, de 4 de junho, um ciclo de debates sobre a realidade brasileira cujo foco tratou sobre a crise ambiental e a tragédia que se abate atualmente sobre o Rio Grande do Sul. A atividade integra um conjunto de ações que vêm sendo orquestradas por diferentes entidades civis para prestar solidariedade à população afetada pelas enchentes, com destaque para a Semana em Defesa da Natureza, articulada por sindicatos, movimentos e outras organizações populares.
O público debateu sobre o tema da conjuntura e a necessária resistência contra o pacote da destruição, contando com exposições do coordenador do Observatório do Clima, Márcio Astrini, do jornalista Bruno Torturra, e do professor Luiz Marques, que discutiu o tema do capitalismo e o colapso ambiental.
Já na quinta-feira (6), o auditório André Jacquemin, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP/Ribeirão Preto recebeu a mesa de debates “Emergências Climáticas: não existe planeta B”. Na mesa, estiveram presentes Annie Hsiou (Bióloga e docente da USP), Bruna Silva (Agroecóloga e coordenadora da Rede Emancipa, Perci Guzzo (Ecólogo e escritor), e Daniel Caiche (pesquisador e consultor em florestas urbanas) e Manuela Aquino (Socióloga Direção Estadual do MST). A mesa foi promovida pela Revista Movimento.
No sábado, dia 8 de junho, o Galpão Elza Soares, localizado em São Paulo, capital, teve um dia repleto de atividades que celebraram o cuidado com os bens comuns da natureza e o fortalecimento dos povos. Com programação de oficinas sobre o aproveitamento integral de alimentos, debates sobre os biomas brasileiros, stencil, batucada, e atividades pedagógicas com as crianças, ressaltando a importância dos cuidados com a natureza, contação de histórias e muitas brincadeiras.
Rio de Janeiro
Na semana do Meio Ambiente, a juventude e famílias Sem Terra realizaram plantio de espécies nativas dos Sistemas Agroflorestais (SAFs) no Assentamento Irmã Dorothy, em Quatis. Houve também atividades de plantio no Acampamento 15 de Abril, em Campos dos Goytacazes.
Já na quarta-feira (7), houve distribuição de mudas e marmitas solidárias em conjunto ao debate sobre a questão ambiental no Armazém do Campo do Rio de Janeiro, durante a realização da Feira Terra Crioula.
Representantes do MST também estiveram presentes na Feira Josué de Castro na capital carioca, no último dia 6 de junho, durante mesa de debate de lançamento da publicação: “Saúde reprodutiva e a nocividade dos agrotóxicos”, em atividade organizada pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), durante a décima edição da Feira Agroecológica Josué de Castro.
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MST em Guarapuava-PR, semearam 3 toneladas de pinhão. Foto: Juliana Barbosa