Pantanal em chamas: fogo bate recorde com mais focos de calor do que em 2020, quando um terço do bioma foi devastado

Primeiro semestre também registrou recorde de focos de calor no Cerrado, onde mais da metade dos casos ocorreu no MATOPIBA, além da Amazônia.

ClimaInfo

Em 2020, um terço do Pantanal pegou fogo. Naquele ano, 60% dos incêndios registrados no bioma se concentraram em agosto e setembro, durante o período habitualmente seco. Agora, com uma estiagem severa e precoce na região, as chamas também chegaram mais cedo. E com elas, novos recordes.

Segundo o Programa Queimadas (BDQueimadas) do INPE, foram registrados 3.262 focos de calor no Pantanal entre os dias 1º de janeiro e 23 de junho. É o maior número desde 1998, quando começou a série histórica, e quase 30% maior que o registrado em 2020, relatam O Globo e UOL. Até domingo (23/6), 627 mil hectares haviam queimado, de acordo com dados do LASA/UFRJ.

E os incêndios recordes não vêm sendo uma exclusividade da maior planície alagável do planeta. Outro bioma brasileiro, o Cerrado, também teve o maior número de focos de calor neste semestre desde o início dos registros do BDQueimadas/INPE, em 1998. De 1º de janeiro a 23 de junho o INPE captou 12.097 focos de incêndio no Cerrado. É um aumento de 32% em relação ao ano passado, além do maior número da série histórica. Das áreas atingidas, 53% ficam no MATOPIBA, novo vetor da expansão agropecuária entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.

A Amazônia também não ficou imune ao fogo. Houve um aumento de 72% neste semestre em relação a igual período do ano passado. Os 12.696 focos de calor são o maior registro de fogo para o período desde 2004 e interrompem uma sequência de 2 anos consecutivos de queda.

A maioria dos incêndios no Pantanal, no Cerrado e na Amazônia são criminosos em períodos de seca e de onda de calor, afirma em sua coluna no UOL o climatologista Carlos Nobre. Ele também lembra que as secas extremas, assim como outros eventos extremos, têm relação direta com as mudanças climáticas.

O Pantanal é o que mais preocupa no momento por causa da seca antes do tempo e que deve perdurar. Um levantamento do MapBiomas mostra que a cobertura de água na região está 61% abaixo da média histórica, tornando o ambiente propício para queimadas. O coordenador geral da instituição, Tasso Azevedo, disse à CBN que esse cenário deve continuar ao longo do ano.

Com a estiagem, uma baía inundável próximo ao rio Paraguai, principal bacia do bioma, transformou-se em um imenso lamaçal. O vídeo foi feito na 5ª feira passada (20/6) por Edilaine Arruda, pesquisadora da Ecoa, informa o g1. O local onde o registro foi feito é uma área inundável no Porto Amolar, na região de Corumbá, que secou. É possível ver centenas de peixes agonizando.

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse que o Brasil está “diante de uma das piores situações já vistas no Pantanal”, destacam Agência BrasilTerra e Correio Braziliense. “Toda a bacia do Paraguai está em escassez hídrica severa, não tivemos a cota de cheia e nem o interstício entre os El Niño e La Niña. Isso faz com que uma grande quantidade de matéria orgânica em ponto de combustão esteja causando incêndios fora de curva em relação a tudo que se conhece”, reforçou Marina após reunião, na 2ª feira (24/6), da sala de situação criada pelo governo para o enfrentamento dos incêndios no país.

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, também participou do encontro e disse que não haverá limite de recursos federais para combater a tragédia ambiental no bioma, informam Valor e Exame. Segundo a ministra, a Junta de Execução Orçamentária (JEO) se reunirá nesta 4ª feira (26/6), quando deve discutir a necessidade de crédito extraordinário e o valor dos recursos destinados ao enfrentamento dos incêndios.

As Forças Armadas disponibilizaram seis helicópteros e dois aviões para auxiliar no combate aos incêndios no Pantanal, detalha a Folha, e mais equipamentos estão sendo avaliados. Duas bases de apoio foram criadas e 500 combatentes, destacados para as ações.

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