Nota de repúdio da Asibama/AC, Associação de Servidores do Ibama e do ICMBio no Acre

A Asibama/AC, Associação de Servidores do Ibama e do ICMBio no Acre, vem a público repudiar as falas e responder ao senador Márcio Bittar (ver matéria).

Sobre nossa greve, sua fala infeliz foi: “o agronegócio agradece… e pede que não dure muito, só uns 10 anos, tá bom”.

É verdade. Porque boa parte dos seus amigos latifundiários do agronegócio exerce crimes e irregularidades ambientais, como desmatamento, queimadas, incêndios, uso exagerado e irregular de agrotóxicos, coação e expulsão de populações tradicionais e pequenos produtores, etc. E de fato, para os criminosos, quanto menos Ibama e ICMBio, melhor, mesmo que isto custe morte e sofrimento devido às mudanças climáticas, ao câncer causado pelos agrotóxicos, ao empobrecimento das famílias expulsas, à morte e adoecimento de crianças e idosos pela fumaça e pelo calor. O importante é o dinheiro no bolso.

“Crítico dos excessos da atuação desses órgãos, em janeiro, Márcio também já havia comentado a respeito das greves: ‘Ibama e ICMBio em greve… A Amazônia agradece!’.

Ao contrário, não há excessos por parte dos servidores concursados, quem muito excede são as pessoas sem qualquer consideração com o resto da população, que destróem a floresta, patrimônio de todos nós. Se multamos algumas pessoas e empresas, existem muitas outras prejudicando toda a humanidade, visando o lucro desenfreado e o prejuízo compartilhado. Poucos lucram e toda a população sofre as consequências, a começar pelos de menor renda.

Daqui uns dias ninguém vai conseguir respirar por aqui pelo nosso Acre, a fuligem e a fumaça vai tomar conta das cidades, e certos parlamentares daqui, com seus gordos salários e benesses em dinheiro público, estarão realizando banquetes em Brasília, enquanto o resto de nós perecemos.

Os cientistas são unânimes sobre o papel da floresta Amazônica, em todos os sentidos, inclusive à socioeconomia do povo acreano, já estando comprovado que as regiões mais desmatadas são as de menor IDH e maior desigualdade social. Estranho é um senador ter orgulho de reconhecer abertamente que fica feliz com pobreza, miséria, opressão, rio Acre seco e falta de água nos bairros. Mas talvez faça sentido, pois é no perecimento do povo que políticos garantem seu curral eleitoral. Portanto, não, Márcio, a Amazônia não agradece a nossa ausência. Greve é necessidade, e nós a fazemos porque não houve saída, e a queremos o mais curta possível, e agora isto só depende do Governo Federal, e depois, dos parlamentares.

O senhor, Márcio, relatou péssimos projetos, por exemplo as PECs que transferem vultosos recursos públicos aos banqueiros e milionários (PECs n. 186, 187 e 188). O senhor atendeu, com elas, os interesses de outros barões como o senhor, que obtém lucro seja lá como for. Assim como sua empreitada em acabar com as Reservas Legais florestais e de vegetação nativa no País, para obter mais lucro.

Mas o que o senhor fará com todo esse dinheiro, depois que não houver mais uma árvore em pé na Amazônia, não houver água nas torneiras, nem água para o gado e a soja?

A luta pela melhoria da Carreira das servidoras e servidores do Ibama e ICMBio tem sido justa e necessária, são 10 anos de sucateamento da Carreira e dos institutos, que trabalham para que gente destrutiva e inconsequente não destrua o direito da população de viver com o mínimo de dignidade, ar puro, comida sem veneno, água potável e uso racional dos recursos naturais.

Uma coisa é certa, nem todo o dinheiro do mundo vai ser capaz de comprar outro planeta. Seria bom o senhor rever suas falas, pois o seu próprio “mito” já disse, “bandido bom é bandido morto”, e incitação ao crime também é crime (Art. 286 do Código de Penal), incluindo o crime ambiental.

Enviada para Combate Racismo Ambiental por Roberta Graf.

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