“Lutar sempre, desistir jamais”: encontro de lideranças dialoga sobre desafios enfrentados nos territórios no Mato Grosso

Cerca de 50 lideranças indígenas, de 16 povos, participaram do evento realizado em Cuiabá neste fim de semana

Cerca de 50 lideranças indígenas dos povos Kanela, Xerente, Karajá, Tapayuna, Kudju Jurruna, Kayabi, Nambiquara, Rikbaktsa, Enawene Nawe, Zoró, Arara, Chiquitano, Wassu, Boe Bororo e Xavante participaram do Encontro de Lideranças realizado neste fim de semana, 29 de junho a 1º de julho, no Centro de Formação Olga Benário Prestes, em Cuiabá, Mato Grosso. Com o lema “Território que Temos e o Território que Queremos”, o evento foi organizado em parceria com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Regional Mato Grosso.

O Encontro de Lideranças iniciou com a acolhida dos participantes e uma análise da conjuntura política, seguido de trabalhos em grupo. “O objetivo foi realizar um levantamento sobre como andam as situações dos territórios indígenas onde vivem”, explica Natália Filardo, uma das coordenadoras do Cimi Regional Mato Grosso.

“O objetivo foi realizar um levantamento sobre como andam as situações dos territórios indígenas onde vivem”

A metodologia adotada potencializou a partilha das reflexões entre os diferentes povos presentes no encontro. Hoje, “há uma grande demanda dentro do Estado por demarcação de terras, assim como a falta de políticas públicas e de proteção dos territórios naqueles já demarcados, principalmente na área de educação e saúde”, listam as lideranças.

O avanço dos grandes empreendimentos como usinas hidrelétricas, mineração, exploração de madeira, avanço do agronegócio e o uso massivo de agrotóxico foram listadas como as “grandes ameaças” que os povos indígenas enfrentam em seus territórios.

“O avanço dos grandes empreendimentos como usinas hidrelétricas, mineração, exploração de madeira, avanço do agronegócio foram listadas como as “grandes ameaças”

O encontro chamou atenção também para a “realidade em que vivem cerca de 150 indígenas do povo Wassu, vindos do estado de Alagoas, e que hoje residem na cidade de Primavera do Leste (MT) em busca de trabalho, melhores condição de vida, mas que convivem com o preconceito, a discriminação, a falta de um espaço onde possam se encontrar como povo indígena para manifestação de sua cultura, ritos, danças, cantos”, explica Natália.

Representantes do Ministério Público Federal (MPF) e da Defensoria Pública da União (DPU) estiveram no evento, e as lideranças indígenas trouxeram suas demandas por justiça aos órgãos. “Tanto MPF quanto DPU demonstraram abertura e apoio à causa indígena”, pontua a coordenadora do Cimi.

“A realidade em que vivem cerca de 150 indígenas do povo Wassu, que hoje residem na cidade de Primavera do Leste em busca de trabalho, melhores condição de vida”

Durante o Encontro de Lideranças foi elaborado um documento final com alinhamentos e deliberações, por uma equipe de jovens indígenas com formação na área jurídica, e foi entregue ao MPF e à DPU, com o objetivo de terem suas reivindicações atendidas.

Com cantos e danças, os indígenas avaliaram o Encontro como positivo e que outras iniciativas como essa devem ser potencializadas. “Lutar sempre, desistir jamais” é a mensagem que ficou desse encontro.

“Os indígenas avaliaram o Encontro como positivo e que outras iniciativas como essa devem ser potencializadas”

Nesta mesma avaliação, as lideranças pontuaram o apoio e realização do encontro pelo Cimi Regional Mato Grosso; o apoio da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), com a parte de logística; e das Irmãs da Santa Cruz, que foram fundamentais com aportes financeiros para a realização do encontro. “Isso nos mostra que, com parcerias como essas, se pode fazer muito em prol das nossas reivindicações”, pontuam as lideranças.

Leia o documento na integra, aqui.

O avanço dos grandes empreendimentos como usinas hidrelétricas, mineração, exploração de madeira, avanço do agronegócio foram listadas como as “grandes ameaças”. Foto: Cimi Regional Mato Grosso

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