Glifosato, ligado ao câncer, é encontrado em biscoito maisena, presunto e bolo

Estudo do Instituto de Defesa de Consumidores encontrou veneno em metade dos 24 alimentos ultraprocessados produzidos no Brasil, com apelo ao público infantil. Ranking do agrotóxico inclui marcas muito consumidas no país

Por Plinio Teodoro, na Revista Fórum / MST

O terceiro volume da pesquisa “Tem Veneno Nesse Pacote”, realizada pelo Instituto de Defesa de Consumidores (Idec), voltou a apontar inúmeros agrotóxicos em alimentos ultraprocessados, em especial àqueles mais consumidos, especialmente por crianças.

Na pesquisa, divulgada na última semana 24 alimentos ultraprocessados produzidos no Brasil, com destaque para aqueles com apelo ao público infantil, foram encontrados resíduos de agrotóxicos em metade das amostras.

A terceira fase da pesquisa, que teve início em 2021, analisou alimentos em 8 categorias: macarrão instantâneo, biscoito maisena, presunto cozido, bolo pronto sabor chocolate, sobremesa petit suisse sabor morango, bebida láctea sabor chocolate, hambúrguer à base de plantas e empanado à base de plantas com sabor de frango.

O teste escolhido é um dos mais abrangentes, com capacidade de detectar resíduos de até 563 agrotóxicos diferentes.

Coordenadora do Programa de Alimentação Saudável e Sustentável do Idec, Laís Amaral diz que o estudo resolver testar produtos à base de plantas – como os hamburgueres veganos – pelo apelo da “alternativa” à carne e propaganda de que seriam mais saudáveis.

“Precisamos alertar para o perigo duplo do consumo de ultraprocessados. Eles são produtos com excesso de nutrientes críticos, relacionados ao desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes, doenças do coração e hipertensão, além da presença de aditivos alimentares. E também temos consistentemente encontrado traços de contaminação com agrotóxicos nesses produtos, ou seja, são venenos tão potentes que continuam ali mesmo depois dos processos de produção nas indústrias”, explicou ao site “contra os agrotóxicos”, da campanha permanente contra os agrotóxicos e pela vida

Resultados

Tema de debates no mundo todo por estar atrelado ao surgimento de câncer, o glifosato foi o agrotóxico que mais apareceu nos testes, em sete das 24 amostras.

Produzido pela Bayer, a mesma transnacional que criou, entre outros a heroína e o agente-laranja, usado pelos EUA na Guerra do Vietnã, o glifosato é o herbicida mais vendido no mundo, tido como “provavelmente carcinogênico ou capaz de causar câncer”, de acordo com a Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer (IARC) da Organização Mundial da Saúde (OMS).

O estudo feito pelo Idec detectou a presença de glifosato nos seguintes produtos:

  • Macarrão instantâneo sabor galinha: marcas Nissin e Renata;
  • Biscoito maisena: marcas Marilan e Triunfo;
  • Presunto cozido: marca Aurora;
  • Bolo pronto sabor chocolate: marca Panco;
  • Hamburguer à base de plantas: marca Sadia;
  • Empanado à base de plantas: marca Fazenda do Futuro;

O estudo mostra ainda que esses produtos feitos à base de planta e vendidos como alternativa aos similares com proteína animal são mais saudáveis apenas no marketing das empresas.

Em relação ao hamburguer, o bovino da Sadia tem um agrotóxico enquanto similar à base de plantas da mesma marca apresenta 3.

O resultado se repete nos nuggets. O de proteína animal da Sadia tem um agrotóxico, enquanto o de planta apresenta dois. Da marca Seara, o vendido como de frango apresenta 5 agrotóxicos e o à base de plantas 3.

O estudo ainda fez um ranking de campeões do veneno, sobre os alimentos ultraprocessados analisados que têm mais agrotóxicos.

1º Lugar: Biscoito maisena Marilan e biscoito maisena Triunfo, cada um com resíduos de 4 agrotóxicos;

2º Lugar: Hambúrguer à base de plantas Sadia, empanado à base de plantas Seara, macarrão instantâneo Nissin, macarrão instantâneo Renata, e bolo pronto sabor chocolate Ana Maria, cada um com resíduos de 3 agrotóxicos;

3º Lugar: Empanado à base de plantas Sadia, com resíduos de 2 agrotóxicos.

Acesse o estudo na íntegra no site do Idec.

Campanha contra os agrotóxicos. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

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