Por Barbara Souza, Informe Ensp
Pesquisadores, professores, ativistas, profissionais de saúde e pós-graduandos se reuniram nos dias 22 e 23 de julho para desenvolver um Manual de Recomendações para guiar o atendimento a indígenas expostos o mercúrio. Inserida no projeto “Impacto do Mercúrio em Áreas Protegidas e Povos da Floresta na Amazônia: Uma abordagem integrada Saúde e Ambiente”, a atividade teve coordenação geral da pesquisadora Ana Claudia Santiago de Vasconcellos, da Escola Politécnica em Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), e coordenação adjunta de Paulo Cesar Basta, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz). A iniciativa teve apoio financeiro do Edital Inova Fiocruz, da VPAAPS, via projeto “Contribuição para o desenvolvimento de estartégias para o fortalecimento do SasiSUS, considerando vulnerabilidades emergentes e reemergentes em saúde” e da Chamada Pública 21/2023 do CNPq “Estudos Transdisciplinares em Saúde Coletiva”.
A II Oficina para construção do Protocolo de Atendimento para indígenas expostos ao mercúrio ocorreu no Rio de Janeiro. A atividade contou com a participação de neurologistas e neuropsicólogos do Hospital das Clínicas da USP, professores da Faculdade de Nutrição da UFPEL e da Faculdade de Medicina da Unicamp, profissionais da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai/Ministério da Saúde), profissionais da Secretaria de Estado de Saúde do Pará (Sespa), ativistas indígenas da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), pesquisadores da EPSJV e da ENSP, além de mestrandos e doutorandos do Programa de Pós-graduação em Epidemiologia em Saúde Pública da ENSP. Esta oficina deu continuidade à primeira, realizada em outubro de 2023.
“A ideia é elaborar um Manual de Recomendações para o subsidiar o atendimento a indígenas expostos ao mercúrio. Nossa intenção é que este material seja desenvolvido em parceria com as equipes locais da Sesai e Sespa, e que seja implementado na rotina das ações desenvolvidas pelas Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena (EMSI) que atuam nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI), localizados na Amazônia, como parte de um programa de vigilância e monitoramento de populações expostas ao mercúrio no Brasil”, explicou Paulo Basta. A intenção é que o documento seja finalizado nos próximos dois meses. Além disso, a expectativa é de que o início dos atendimentos ocorram ainda este ano, no Dsei Rio Tapajós.
Segundo os coordenadores, a equipe de neurologistas, professores, pesquisadores e alunos de pós-graduação está responsável pela elaboração das diretrizes técnicas e orientações que irão compor o Manual de Recomendações. Já equipe da Sesai assumiu a articulação política com os Dsei localizados na Amazônia, bem como por garantir que o protocolo de atendimento seja implementado de modo eficaz junto às EMSI que atuam nos territórios indígenas. Por fim, a equipe da Sespa ficou com a missão de garantir atendimento especializado, via telemedicina ou por intermédio de consultas presenciais, com diferentes especialistas na rede SUS, nas regionais de Saúde do estado do Pará.
O mercúrio é um elemento químico natural que causa diversos prejuízos à saúde humana e ambiental. A contaminação por este metal pesado pode causar, por exemplo, danos ao Sistema Nervoso Central, ao sistema urinário e ao sistema cardiovascular.