Mbya Guarani do Tekoa Yjerê, na Ponta do Arado (RS), sofrem ameaças e cerceamento ao direito de ir e vir

Indígenas denunciam que foram ameaçados por seguranças privados e proibidos de utilizar o único acesso da comunidade ao bairro Belém Novo, em Porto Alegre (RS)

Por Roberto Liebgott, do Cimi Regional Sul

A comunidade Mbya Guarani da Ponta do Arado denuncia que desde sábado, dia 10 de agosto, sofre ameaças e importunações dos seguranças da Fazenda Arado Velho, Belém Novo, Porto Alegre (RS). A situação foi denunciada ao Ministério Público Federal (MPF) e à Defensoria Pública da União (DPU) nesta segunda-feira (12).

As denúncias dão conta de que os agentes de segurança da fazenda não permitem o livre trânsito dos Mbya Guarani pela estrada que cruza a fazenda.

O cacique Timóteo Karai Mirim disse que eles, sem o acesso à estrada, não têm como se deslocarem para a cidade, já que as condições climáticas impedem a navegação pelo rio. Ou seja, estão sendo impedidos de irem ao bairro Belém Novo, onde realizam as atividades de comércio, assistência médica e aquisição de alimentos e medicamentos.

Houve pelo menos duas abordagens feitas aos indígenas por seguranças a cavalo. De acordo com os informes, os homens foram bastante agressivos ao abordarem os Mbya Guarani, que se deslocavam a pé pela estrada. Nestas abordagens os seguranças da fazenda ameaçaram acionar a polícia caso os vejam andando pela estrada no interior da fazenda, que está com o procedimento de demarcação em andamento desde o mês de novembro de 2023.

Há de se destacar que a decisão judicial, tanto no primeiro grau, como no Tribunal Regional Federal da Quarta Região (TRF-4), assegura aos direitos de ir e vir pelas estradas que dão acesso ao bairro.

Embora, aparentemente, sem violência física, essas abordagens são ameaçadoras e cerceiam os direitos indígenas de locomoção e de acessarem os órgãos de assistência.

Há, novamente, de parte da DPU e do MPF, a necessidade de uma manifestação no processo de reintegração de posse que tramitação na Justiça Federal, requerendo o cumprimento da decisão, sob pena de responsabilização criminal pelo descumprimento à expressa determinação judicial, além de ameaças várias contra as pessoas da comunidade Mbya Guarani.

 

Porto Alegre (RS), 12 de agosto de 2024

Guarani Mbya na retomada Arado Velho, em Porto Alegre, em 2018. Fotos: Douglas Freitas/Amigos da Terra Brasil

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