A Coordenação Nacional do Movimento Policiais Antifascismo, reunida presencialmente em Brasília, Distrito Federal, entre os dias 8 e 11 de agosto, atendendo à necessidade de se posicionar, enquanto movimento suprapartidário de trabalhadores policiais do campo progressista, deliberou pelo apoio a todas as candidaturas municipais comprometidas com as diretrizes do nosso Manifesto, seja através de candidatos que se apresentem como membros efetivos, colaboradores ou simpatizantes do MPAF.
Entendemos que esse compromisso não pode ser realizado em partidos políticos que defendam o bolsonarismo, razão pela qual negaremos qualquer apoio àqueles que estiverem no âmbito municipal associados a candidaturas que referenciem os candidatos da extrema direita, ainda que sejam de partidos que se apresentem nacionalmente como do campo democrático.
Acreditamos que o tema da segurança pública não pode ser tratado como algo técnico, desprovido de conteúdo político, sob pena de alimentarmos o avanço da extrema direita. Tratar da segurança pública é entender o contexto de vulnerabilidade social no qual se insere o trabalhador brasileiro.
A pobreza não é a causa do crime, mas a causa da criminalização e da vitimização do nosso povo. Quanto mais vulnerável socialmente, mais chance uma pessoa tem de ser vítima da violência e dos processos de criminalização. Os cárceres estão lotados de pessoas pobres não porque os pobres têm mais tendência a delinquir, mas sim porque têm mais chances de serem identificados como criminosos.
Os pobres também são alvos dos processos de vitimização. A imensa maioria das pessoas vítimas de homicídio em nosso país são jovens, negras ou pardas, fazendo com que esse mesmo quadro se reproduza nas ações policiais violentas, que atingem os mesmos grupos vulneráveis que a polícia deveria proteger. Infelizmente, as ações policiais letais acabam por revelar o verdadeiro massacre a que a juventude preta das favelas e periferias das nossas cidades está submetida.
Ao contrário daqueles que defendem o afastamento de policiais da vida política, entendemos que precisamos disputar esses irmãos trabalhadores para o nosso campo de luta. Como policiais antifascismo não pretendemos restringir o debate político ao chamado direito à segurança, mas ampliar o horizonte da luta pela segurança dos direitos.
Precisamos falar dos direitos à educação, saúde, habitação, saneamento básico, mobilidade urbana, entre muitos outros direitos que historicamente são negados a nossa população. Um mandato legislativo municipal só faz sentido se estiver comprometido com mudanças que melhorem de forma significativa a qualidade de vida do trabalhador.
Também estará presente em nosso debate o trabalhador policial. É motivo de preocupação os discursos e práticas de militarização das Guardas Municipais, bem como a necessidade de criação efetiva dos Conselhos Municipais de Segurança, assim como outros temas específicos, objeto de um programa mínimo que iremos publicar na forma de um Termo de Compromisso a ser firmado com os candidatos à vereador(a) e às Prefeituras Municipais dentro do nosso campo político.
Entendemos que as eleições, em todos os níveis, não são a finalidade última da disputa política. O Movimento Policiais Antifascismo surge como uma força comprometida com as transformações sociais voltadas para a um projeto antifascismo, que necessariamente é um projeto anticapitalista, que aponta para a construção de um novo modelo econômico e social que traduza o interesse da classe trabalhadora.
#Não somos a polícia da esquerda. Somos a esquerda da polícia!
#Dentro da ordem, contra a ordem!
Brasília, 11 de agosto de 2024
Coordenação Nacional do Movimento Policiais Antifascismo
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Enviada para Combate Racismo Ambiental por Isabel Carmi Trajber.