Encontro internacional vai debater saberes científico e tradicional em favor da saúde

VPAAPS/Fiocruz

Paraty (RJ) sedia, a partir de segunda-feira (9/9), o 1º Encontro Internacional de Territórios e Saberes (Eits). Com mais de mil participantes confirmados, representando 22 países dos cinco continentes, o evento prosseguirá até o dia 15 e  representa um marco histórico na articulação de saberes científicos e tradicionais para a promoção da saúde e do desenvolvimento sustentável. Ao todo serão mais de 40 atividades entre mesas, oficinas, vivências e visitas de campo organizadas em torno de cinco eixos temáticos: Ecologia de Saberes para a promoção do Bem Viver, Oceanos e Rios – redes de vida e saberes, Saúde, resiliência e organização social, Educação, cultura e modos de vida e Articulação em Redes. Parte da programação será transmitida ao vivo pelo YouTube. Acesse mais informações.

“Estamos construindo este encontro para fortalecer redes e debates que contribuam para garantir os direitos dos povos e comunidades tradicionais. Vamos pensar juntos saídas para um mundo mais justo e menos desigual, além de avançar em uma estratégia conjunta entre nossos movimentos e parceiros para a Convenção da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP 30, que ocorrerá em 2025 aqui no Brasil”, destaca Vagner do Nascimento, integrante do colegiado de coordenação do Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT) e coordenador geral do Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS), uma parceria entre a Fiocruz e o FCT. A realização do EITS é fruto de uma parceria entre a Fiocruz, o Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT), o Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS), a Universidade Federal Fluminense (UFF), a Universidade Estadual Paulista (Unesp) e o Colégio Pedro II (CPII).

Também participam como parceiros do Eits a Coordenação Nacional de Comunidades Tradicionais Caiçaras (CNCTC), a Coordenação Nacional de Comunidades Negras e Rurais Quilombolas (Conaq), a Comissão Guarani Yvyrupá (CGY), o Fórum dos Pescadores em Defesa da Baía de Sepetiba, o Fórum de Povos e Comunidades Tradicionais do Vale do Ribeira, o Fórum de Povos e Comunidades Tradicionais de Sergipe, o Fundo Brasileiro de Educação Ambiental (Funbea), a Universidade Federal de Sergipe (UFS), o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a ONG Verde Cidadania, o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), o Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica), a Universidade Federal de Goiás (UFG), a Fundação de Rádio e Televisão Educativa e Cultural (Fundação RTVE) e o Governo de Goiás, com apoio do Fundo Casa.

Construção coletiva

A programação do EITS se baseia na crescente necessidade de se articular diferentes formas de conhecimento para o enfrentamento de desafios globais comuns, como as mudanças do clima, a segurança alimentar e as desigualdades sociais. Além disso, a programação destaca o papel vital dos povos tradicionais na preservação da biodiversidade, sublinhando que as áreas mais preservadas dos biomas globais são, frequentemente, aquelas protegidas por estas comunidades.

“A Fiocruz acredita que a construção de boas políticas públicas passa pela interação e pela escuta ativa das comunidades locais, dos territórios. Este encontro internacional é um exemplo de como o diálogo entre diferentes formas de conhecimento pode gerar soluções sustentáveis para os desafios locais e globais que enfrentamos hoje, com destaque para as mudanças climáticas, que atingem de forma mais acentuada as populações mais vulneráveis. Por meio da troca de conhecimentos, esperamos contribuir para a promoção da saúde e do desenvolvimento sustentável dessas populações”, destaca Mário Moreira, presidente da Fiocruz.

Até aqui, está confirmada a participação de 22 países: Argentina, África do Sul, Bolívia, Brasil, Canadá, Congo, Colômbia, Chile, Equador, França, Guatemala, Guiné, Haiti, Holanda, Itália, México, Moçambique, Nova Zelândia, Palestina, Portugal, Senegal e Venezuela.  “Esse encontro tem uma relação direta com a nossa missão institucional e nosso compromisso social para o desenvolvimento sustentável. E, mais do que isso, na busca de soluções para a sociedade na articulação entre o conhecimento científico e o conhecimento popular. Esse diálogo, esse aprendizado coletivo, tem que ser a tônica da forma nova de lidar com o planeta Terra”, destaca Antonio Claudio, reitor da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Patrimônio da Humanidade

Outro fato importante do Eits é sua realização no Sítio Misto do Patrimônio Mundial da Unesco em Paraty e Ilha Grande, título que só foi conquistado em decorrência do protagonismo dos povos e comunidades tradicionais ao longo de todo o processo de candidatura. Reconhecido pela Unesco em 2019, trata-se do primeiro sítio misto da América do Sul onde se encontra uma cultura viva, uma vez que os demais sítios mistos do continente, como Machu Picchu, no Peru, são sítios arqueológicos em uma paisagem natural.

No caso brasileiro, o novo sítio abriga comunidades indígenas, quilombolas e caiçaras que vivem da sua relação com a natureza, da pesca artesanal e do manejo sustentável de espécies da biodiversidade, atributos nominados pela própria Unesco para o reconhecimento do sítio como bem de excepcional valor universal.

“Este encontro é muito importante para a gente discutir tudo que envolve nossa existência como povos e comunidades tradicionais. E o mundo precisa entender que nossa luta é uma luta de toda a humanidade, e que precisamos urgentemente nos unir”, destaca Julio Karai, assessor especial de articulação indígena do OTSS e integrante da coordenação da Comissão Guarani Yvyrupá.

“No Eits, comunidades tradicionais, movimentos sociais e a academia se propõem a pensar juntos a construção de novos conhecimentos, novos processos de articulação em rede e para promover a construção conjunta de projetos a partir desse diálogo entre diferentes saberes. O Colégio Pedro II, agora de forma institucional, demonstra sua intenção em consolidar cada vez mais essas parcerias”, completa Ana Paula Giraux, reitora do Colégio Pedro II (CPII).

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