Riscos da Energia Nuclear – de Caldas (MG) a Angra 3 (RJ)

por Adriano Sabino Barbosa *

A insegurança e imprevisibilidade do emprego da energia nuclear para produção de eletricidade exigem a adoção urgente de uma política energética que priorize o uso de fontes renováveis de energia, como a solar.

Como residente a apenas 20 km da INB (Indústrias Nucleares do Brasil) em Caldas, no sul de Minas Gerais, sinto a responsabilidade de expressar minha profunda preocupação com a construção da usina nuclear Angra 3 e o uso continuado da fonte nuclear para gerar eletricidade. Este texto não visa desmerecer os esforços do governo federal para busca segurança energética, mas sim chamar a atenção para os inúmeros riscos e desafios que a energia nuclear impõe, especialmente em regiões já impactadas pelos terríveis passivos ambientais gerados por essa indústria.

A situação em Caldas é alarmante. O armazenamento inadequado de resíduos nucleares tem gerado contínuos receios sobre a contaminação do solo, da água e do ar. A dificuldade de garantir a segurança completa dessas instalações revela o perigo que a energia nuclear representa para a saúde pública e o meio ambiente. Expandir a capacidade nuclear com a construção de Angra 3 ampliará esses riscos, agravando uma problemática sem solução definitiva: o armazenamento de resíduos radioativos.

Esses materiais permanecem perigosos por milhares de anos, e até hoje nenhum país encontrou uma solução segura e permanente para esse problema.
REPITO, NENHUM PAÍS CONSEGUE TRATAR ADEQUADAMENTE O LIXO NUCLEAR.

Do ponto de vista econômico, o custo da construção de Angra 3 é estimado em R$ 30 bilhões, um valor astronômico que não se limita apenas à construção, mas também à manutenção e à gestão dos perigosos resíduos nucleares. Ao invés de destinar esses recursos a um projeto com tantos riscos, o governo poderia fazer um investimento muito mais inteligente e seguro: energia solar. Com esses mesmos R$ 30 bilhões, seria possível instalar sistemas solares completos em cerca de *6 milhões de residências, garantindo energia renovável para milhões de famílias brasileiras. Isso representaria uma geração de aproximadamente 1,8 terawatt-hora (TWh) por mês, 78% mais do que a capacidade que Angra 3 poderá gerar.

A proposta de usar os R$ 30 bilhões para a instalação de sistemas solares não seria apenas um ato de responsabilidade ambiental, mas um investimento direto no futuro do país. O governo poderia, por exemplo, doar os equipamentos para essas 6 milhões de residências, promovendo uma redução imediata nas contas de energia dessas famílias e impulsionando a economia de forma sustentável (por exemplo os inscritos no cad único). O impacto social seria gigantesco, especialmente em regiões carentes, onde o custo da energia é uma barreira para o desenvolvimento.

No entanto, a abrangência desse impacto pode ir ainda mais longe. Se ao invés de doar os equipamentos, o governo optasse por zerar os impostos sobre a aquisição de sistemas solares para todos os brasileiros, o efeito seria monumental. Com a remoção das barreiras fiscais, o acesso à energia solar se tornaria uma realidade para milhões de outras famílias, permitindo que a população de todas as faixas de renda pudesse investir na geração de sua própria energia. Isso significaria democratizar o acesso à energia renovável e permitir que todos os lares do Brasil tivessem a oportunidade de gerar sua própria eletricidade, com economia significativa e de forma sustentável.

A energia solar oferece inúmeras vantagens: Ecologicamente Correta, é renovável e amplamente disponível em nosso território. Ela não gera resíduos perigosos, como a nuclear e pode ser implementada de forma descentralizada, fortalecendo a independência energética das comunidades. Além disso, ao estimular o mercado solar, o Brasil pode se tornar um polo de inovação e tecnologia, criando empregos e fortalecendo a economia de forma sustentável.

Enquanto a construção de Angra 3 representa um risco ambiental, de saúde pública e financeiro, a solar surge como uma solução sensata e segura. Apostar na solar não é apenas uma questão de responsabilidade ambiental, mas também de estratégia econômica e social. Ao investir em energias renováveis, estaríamos fortalecendo a segurança energética do país, criando um legado positivo para as gerações futuras e garantindo que o Brasil caminhe na direção certa, como líder global em sustentabilidade.

Portanto, a defesa de uma transição energética é urgente. O Brasil não pode mais se dar ao luxo de investir em tecnologias arcaicas, ultrapassadas e arriscadas como a nuclear, quando tem à disposição uma alternativa que pode beneficiar milhões de lares de maneira segura, econômica e sustentável. Seja através da doação de sistemas solares ou da isenção de impostos para o consumidor final, o governo tem em mãos a oportunidade de transformar o futuro energético do país de forma definitiva e positiva.

Diante disso, é prudente que o governo reavalie o programa nuclear e direcione seus recursos para soluções renováveis.

O futuro do Brasil está na energia renovável, acessível, segura. E essa energia é solar!

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* Adriano Sabino Barbosa – advogado, membro da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), militante antinuclear em Santa Rita de Caldas e presidente do PT de Santa Rita de Caldas (MG).

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Publicação da Campanha Nacional da Articulação Antinuclear Brasileira pela não conclusão de Angra 3 e pela não extensão da vida útil de Angra 1!

Barragem D4, classificada em Nível de Emergência 1, com densa espuma em suspensão (sólidos) indo para a BAC

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