UNIR é invadida por negacionistas e sindicato se manifesta

A Associação dos Docentes da Universidade Federal de Rondônia (ADUNIR), Seção Sindical do ANDES – Sindicato Nacional, emitiu neste dia 12 de outubro uma NOTA OFICIAL EM DEFESA DO CARÁTER LAICO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA. A motivação do sindicato em se posicionar, se dá pelo fato de que a comunidade acadêmica foi surpreendida com a ocupação dos espaços do campus da UNIR em Porto Velho, por uma legião de membros de uma denominação religiosa.

Segundo a Nota, “No dia 11 de outubro de 2024, a comunidade acadêmica do Campus José Ribeiro Filho (Porto Velho) da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), foi surpreendida por uma movimentação estranha e sem qualquer manifestação por parte da Reitoria: espaços sendo ocupados, montagem de réplicas jurássicas e toda uma logística que causou certa estranheza”.

A indignação da categoria se dá, sobretudo, pelo total desrespeito da Reitoria da UNIR em sequer comunicar a comunidade acadêmica para adequar suas atividades para que não houvesse prejuízo para as atividades, inclusive de experimentos de pesquisa. “A comunidade acadêmica, interpelando a reitoria por canais oficiais e extraoficiais, Prefeitura do Campus, ASCOM e outros integrantes da Administração Superior, só obteve um silêncio sepulcral”, denuncia o sindicato.

Ainda segundo a Nota da ADUNIR “Acessando o Sistema Eletrônico de Informações (SEI), Processo nº 23118.007595/2024-98 e a verdade veio à tona: tratava-se de uma solicitação da igreja Adventista do Sétimo Dia (Ofício n 009/2024-ANRACAV) para a utilização do espaço físico da UNIR nos dias 11,12 e 13 de outubro, para um evento denominado “Aventuri”, que reúne os escoteiros organizados pela referida igreja por meio do “Clube de Aventureiros” e que pretendia reunir cerca de 2.000 participantes”. No referido ofício, a igreja ainda solicitou, entre outros espaços, a utilização do Restaurante Universitário (RU), espaço conquistado com lutas históricas da comunidade acadêmica, sobretudo, os estudantes, nas greves e ocupações dos anos de 2008 e 2011 e no protesto estudantil ocorrido em 2023. Por meio do Ofício nº 193 (1783931), a reitora Marília Pimentel autorizou o evento, cedendo o campus à Igreja Adventista nos seguintes termos: “Acreditamos que eventos como este são importantes para enriquecer a experiência educacional de nossos jovens, proporcionando oportunidades de aprendizado, troca de conhecimento e desenvolvimento cultural”. Em ato contínuo, nomeou o Vice-reitor Denny William de Oliveira Mesquita para coordenar e acompanhar o evento, sendo que o mesmo é membro do “Clube de Aventureiros”. O Vice-Reitor é membro ativo dessa denominação religiosa.

A ADUNIR denuncia que “os espaços da UNIR estão sendo utilizados para promoção da sua igreja, sem falar no desrespeito desse coordenador aos núcleos e departamentos, atropelados e avisados de última hora sobre a atividade.

A Nota, ainda denuncia os problemas estruturais enfrentados pela comunidade acadêmica: salas sem ar-condicionado ou sem manutenção, infestação de animais peçonhentos, falta de água e nuvens de mosquitos, para ficarmos apenas no corriqueiro e não adentrar outros problemas estruturais que precarizam as condições de trabalho de docentes e técnicos e contribuem para a evasão de estudantes. Estes problemas, enfrentados no dia a dia, em que pese a reivindicação diuturna da comunidade, nunca foram solucionados.  Mas, para atender a demanda externa, de uma entidade religiosa, negacionista da ciência, a Reitoria da UNIR envidou inúmeros esforços, inclusive o fumacê, para garantir as melhores condições de instalação dessa instituição obscurantista e a caturra denominada “desbravadores”.

Por fim, o sindicato REPUDIA a realização dessa atividade de cunho religioso, orquestrado na surdina pela reitoria. Defendemos um Estado laico, a liberdade de crer ou não crer e de manifestação de diferentes religiosidades, mas nos templos, igrejas e outros espaços culturais. A universidade pública é laica, e cedê-la para atividades religiosas, fere sua natureza histórica e científica.

A íntegra da NOTA pode ser consultada aqui.

Crédito da Imagem: Unir

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