Por Ângelo Oliveira*
Nós, chamados seres humanos, precisamos da educação assim como as plantas precisam do sol para produzir seus alimentos ou, como as formigas precisam das folhas. Porém, a diferença entre os seres humanos e os dois últimos casos é que, tanto as plantas como as formigas, encontram suas condições de sobrevivência prontas na natureza. Nós, os seres humanos, precisamos construir nossas condições de existência por meio da transformação da natureza. Esse movimento ocorre por meio do trabalho. Mas não nascemos sabendo trabalhar. Não nascemos sequer seres humanos.
A humanidade é, pois, uma conquista que se dá pela apropriação da cultura que nos confere a entrada e o pertencimento ao gênero humano. É nesse ponto que entra a relevância do processo educativo, pois é a educação que promove o acesso à cultura enquanto legado de natureza social produzido historicamente pelo conjunto das mulheres e dos homens. Mas assim como nas demais esferas do desenvolvimento, o processo de humanização possui níveis. Quanto mais nos apropriamos do conhecimento, mais aprimoramos nossos recursos e possibilidades humanos. Nessa perspectiva, o papel da escola é central em transmitir um tipo de conhecimento que, devido a sua complexidade e sistemática, repercute na máxima humanização dos indivíduos.
No contexto escolar os professores são aqueles que portam o conhecimento, técnicas, estratégias e métodos capazes de transformar (conferir nova forma por superação dos limites da forma anterior) qualitativamente os indivíduos a ponto de garantir-lhes a máxima humanização. Entretanto, esse processo de transformação por meio da apropriação do conhecimento tem a ver com relações de poder. Isto porque, a humanização não é dada a todos sob a mesma medida. Esses “desníveis humanísticos” garantem a manutenção da estrutura de poder existente.
Isso posto, é possível inferir que os professores podem contribuir para a superação das desigualdades humanas advindas da apropriação da cultura e, em decorrência disso, colaborar para a superação da estrutura de poder exigente. Eis a razão pela qual esses agentes sociais são tão atacados em sua prática.
Que nesse Dia dos Professores(as), possamos atrelar a importância do fazer docente ao direito à máxima humanização dos indivíduos reconhecendo a importância desses profissionais para a evolução humana. Que seja de todos(as) nós a luta por melhores salários e condições dignas de trabalho. A profissão docente é revolucionária em si, visto que o trabalho educativo é aquele que contribui diretamente para a transformação da natureza biológica em natureza social pois, esse movimento de superação, em última instância, garante o alcance aos atributos levados ao gênero humano.
*Professor do IFCE/Campus Quixadá.