Técnicos da Saúde avaliam impactos da seca em comunidades indígenas de Altamira (PA)

Cinquenta e três aldeias do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) de Altamira foram afetadas pela severa estiagem. Cerca de 1,7 mil indígenas foram prejudicados

João Vitor Moura, Ministério da Saúde

Uma visita técnica da equipe do Ministério da Saúde foi realizada na aldeia Boa Vista, parte do Distrito Sanitário Especial Indígena de Altamira (Dsei/Altamira), para avaliar o impacto da seca severa que atinge a região. Até o momento, 53 das 155 aldeias do distrito foram afetadas pela estiagem, prejudicando diretamente 1,7 mil indígenas. As comunidades sofrem com a falta de água potável, desabastecimento de alimentos e dificuldades no acesso à saúde, agravadas pela redução no nível dos rios que serve de principal meio de transporte local.

A técnica da Força Nacional do SUS, Tatiana Souza, destaca que o principal problema enfrentado pelo povo indígena é a falta de água, principalmente para o consumo. “Em períodos de estiagem, a dificuldade em acessar água limpa se agrava, comprometendo a saúde dos moradores e limitando suas atividades tradicionais e modos de subsistência. A pesca, que é uma parte fundamental da cultura e alimentação dessas comunidades, torna-se inviável, uma vez que a falta de água pode afetar os ecossistemas aquáticos e reduzir a disponibilidade de peixes”, afirma.

Além da falta de água potável, os indígenas enfrentam desabastecimento de alimentos e dificuldades no acesso à saúde devido ao baixo nível dos rios, o que dificulta o principal meio de transporte da região. “No ano passado foi uma seca que eu nunca tinha visto e esse ano a gente tem uma perspectiva que vai afetar ainda mais. ‘Não tem rio’ e é uma preocupação muito grande. Isso está afetando muita gente, nas nossas roças tradicionais e no nosso meio de vida, pois nossa caça e pesca está sendo um desastre por conta da mudança climática e das queimadas”, desabafa o cacique da aldeia Boa Vista, Fernando Juruna.

Em todas as visitas aos territórios indígenas, a equipe técnica é acompanhada pelos profissionais do Dsei da região, responsáveis pela reordenação da rede de saúde e das práticas sanitárias e por desenvolver atividades administrativo-gerenciais necessárias à prestação da assistência.

Missão de Emergências Climáticas

Nos próximos dias, a sala de situação, comandada pelo Departamento de Emergências em Saúde Pública do Ministério da Saúde (DEMSP), visitará outros municípios locais como Itupiranga e Santarém. A missão é composta por técnicos das secretarias de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA), Saúde Indígena (Sesai), Atenção Primária à Saúde (Saps) e Atenção Especializada à Saúde (Saes), além de representantes da Secretaria de Saúde Pública do Pará.

Foto: João Vitor Moura/MS

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