“Ou será pela agroecologia ou não viveremos no futuro”, destaca agricultora d ASA em evento na COP16, na Arábia Saudita

Coordenadora da ASA apresentou o Plano Estratégico de Ação para Mitigação das Mudanças Climáticas com soluções produzidas pelas comunidades

ASA Brasil

A agenda do grupo que representa a ASA na Conferência das Partes (COP) da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (UNCCD) continua a todo vapor. Nesta terça-feira (03/12), a agricultora e coordenadora da ASA Brasil, Roselita Vitor, participou de um evento paralelo realizado no Pavilhão Brasil a convite do Consórcio Nordeste com o tema “Caatinga: uso da terra, povos e seus conhecimentos”. A mesa também foi composta pelo diretor de Combate à Desertificação do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Alexandre Pires, e pelo representante do Consórcio Nordeste, Glauber Piva.

Roselita falou das ameaças ao bioma em que vive e apresentou as estratégias da ASA e dos territórios do Semiárido em torno da agroecologia como forma de combater a desertificação e enfrentar as mudanças climáticas. “O avanço da mineração nos nossos territórios está deixando os solos degradados, sem vida. Outra ameaça são as energias renováveis. Esse modelo centralizado nos parques e nas usinas é uma ameaça à [nossa] organização. Para você ter uma ideia, para construir uma usina solar, você tem que tirar de 40 a 60 centímetros de solo. A terra fica nua, fora os problemas de saúde por conta dos barulhos. Então esse modelo precisa ser repensado”, destacou.

O MapBiomas 2023 já aponta o aumento de 1% da desertificação no Nordeste em função desse modelo de energia. Além dos grandes empreendimentos, a monocultura também ameaça a Caatinga e a vida das comunidades. “A gente não combate a desertificação e constroi a convivência com o Semiárido com a monocultura. E sim a partir da agroecologia. Ou será pela agroecologia ou não viveremos no futuro”, aponta.

Como caminhos para enfrentar esse cenário ameaçador, a coordenadora da ASA frisou que as soluções nascem nos territórios. “A gente tem debatido muito as mudanças climáticas e a desertificação em nível global e muito menos em nível de territórios”. Ela apresentou o Plano Estratégico de Ação para Mitigação das Mudanças Climáticas construído pelo Polo da Borborema e a ASPTA, duas organizações da ASA. “Entendemos que é a partir das redes de agricultores e agricultoras experimentadores no Semiárido que a gente vai mudar esse cenário”.

Propostas da Sociedade Civil

Também nesta terça-feira (03/12) a Articulação, representada pelo membro do Grupo de Trabalho de Combate à Desertificação, Paulo Pedro de Carvalho, participou da reunião das Organizações da Sociedade Civil (OSCs) onde são construídas coletivamente posicionamentos para apresentar na agenda central da COP 16.

A ASA apresentou sugestões para dois temas: Posse de terra segura e equitativa na conquista da Neutralidade da Degradação da Terra (NDT) e no enfrentamento dos desafios interconectados da desertificação, mudanças climáticas e perda de biodiversidade; e Fundo Global para o meio ambiente sobre o financiamento de programas e projetos relativos à desertificação/degradação da terra e seca. “Esses textos foram concluídos por uma equipe de trabalho das OSCs e foram apresentados como pronunciamentos na Plenária Geral da COP”, explica Paulo Pedro.

A COP16 reúne na capital saudita representantes da sociedade civil organizada e de governos de 196 países e da União Europeia em torno do tema geral “Nossa Terra. Nosso futuro”.

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